“Sei que não sou um jogador consensual”


CÉSAR PEIXOTO, 33 anos, é dono de um palmarés invejável – campeão nacional, da Europa e do Mundo de clubes, entre outros títulos – mas também a grande figura do Gil Vicente. 

A que se deve a boa época do Gil Vicente até ao momento? 
Deve-se, sobretudo, ao espírito de grupo que existe. Temos um grupo jovem com muita vontade e valor e deve-se ainda à qualidade de trabalho da nova equipa técnica. Conseguimos reunir uma série de fatores que permitem que as coisas estejam a correr bem.

O que é que mudou da última temporada para a atual?
Houve uma renovação do plantel com grande mudança de jogadores – entraram 17 atletas – e uma nova equipa técnica no que resultou no início de um novo ciclo. Penso também que mudou a mentalidade que passa agora pelo objetivo de ganhar, de querer mais e melhor e não apenas de tentar o mínimo. Tentar vencer a cada jogo. Daí os atuais bons resultados.

Tendo em conta a sua carreira, sendo um jogador habituado a ganhar, o César foi importante para criar esta nova mentalidade?
Sim, modéstia a parte, considero-me uma parte importante. Habituei-me a ganhar ao longo da minha carreira e detesto mesmo perder. Sou dos maiores impulsionadores no hábito dessa nova mentalidade e felizmente as coisas estão a correr bem.

O que é que a nova equipa técnica trouxe ao Gil Vicente? A nova mentalidade?
Sim, sobretudo a nova mentalidade vencedora, novos métodos e também muitos jogadores jovens com vontade de aparecerem na primeira liga. A própria equipa técnica é jovem e tem muita vontade de vencer e esse desejo também passa para os jogadores.

Os seus companheiros veem-no como um líder?
Não sei, sou o mais velho, sinto que sou respeitado e dão-me valor pelo meu passado, pelo meu presente e do que posso representar para a equipa. Tento, da melhor maneira, passar toda a minha experiência e ajudar no que puder os meus companheiros.

É um dos capitães do Gil Vicente. Quais devem ser as características de um bom capitão?
Um capitão não tem que impor nada. Deve sobressair e ser respeitado pelo que é, pelo que demonstra, pelo que trabalha e não pelos gritos, berros ou pelo estatuto que possa ter. Tento ser amigo, dar um conselho aqui ou ali. Penso que isso é o mais importante. Dar o exemplo e que os outros jogadores olhem para o capitão e vejam que é um exemplo a seguir.

Revê-se nalgum capitão com o qual tenha jogado?
Jorge Costa foi o capitão que mais me marcou. Foi meu colega no FC Porto e um capitão, a todos os níveis, exemplar.



Por que razão assinou pelo Gil Vicente quando saiu do Benfica?
Na altura tive bons convites do estrangeiro – Turquia, Arábia, Chipre – mas a minha mulher estava grávida e não era uma boa altura para emigrar. Entretanto surgiram outras situações, entre as quais o convite do Gil Vicente. O clube estava bem classificado, era perto da casa dos meus pais, dos meus amigos, era uma espécie de regresso a casa. À partida seria para ficar três meses no Gil e sair no final da época mas ainda aqui estou. Sou muito bem tratado, apoiado e sou muito feliz no Gil Vicente.

É natural de Caldas das Taipas. Está a jogar em casa?
Sim, além do clube em si, esse tem sido um fator preponderante para continuar no Gil. É um clube com muita margem de crescimento e as pessoas são sérias, ambiciosas, que querem fazer o clube maior e eu quero ajudar nesse objetivo. Estou perto da minha família, dos meus amigos, ou seja, estou no meu “habitat natural”.

Voltando ao início da sua carreira profissional, como é que surgiu a mudança dos Caçadores da Taipas (III Divisão) para o Belenenses (I Liga)?
É uma história curiosa, o primeiro clube que apareceu para eu vir jogar para a I Liga foi o Gil Vicente. Inclusivamente fui a uma reunião no antigo estádio, com o antigo presidente. Ele ofereceu-me contrato, o treinador Luís Campos ligou-me a dizer-me que se eu assinasse nessa semana e como o Gil iria jogar ao Estádio da Luz eu seria titular. Entretanto, apareceu o Belenenses, voltei a reunir com Gil Vicente e disse-lhes que tinha uma oferta superior. O então presidente do Gil achou que o que me estava a oferecer era o suficiente e não acreditou que a proposta do Belenenses era superior. Eu não revelei o nome do clube, disse apenas que era um clube da I liga que me dava mais dinheiro mas o Gil Vicente não acreditou. No dia seguinte fui para Lisboa com o presidente e o vice-presidente dos Caçadores das Taipas para assinar pelo Belenenses. Entretanto, a rádio noticiou que eu estava a caminho de Lisboa para assinar pelo Belenenses e o presidente do Gil ligou-me a oferecer o dobro da proposta do Belenenses. Mas eu já tinha dado a minha palavra ao Belenenses e não voltei atrás.

Não fez um desvio na autoestrada e voltou para trás?
Não, o presidente do Taipas ainda me disse: `Ó César também dão mais dinheiro ao Taipas, tens a certeza?´. Mantive-me irredutível. Desde então parece que já tinha o Gil como destino traçado.

Depois do Belenenses e apenas dois anos depois dos Caçadores das Taipas, ingressou no FC Porto. Um salto enorme…
Foi uma ascensão muito rápida. Eu estava na III Divisão e via os jogadores do FC Porto pela televisão e achava quem me dera estar ali ao pé deles. Passado tão pouco tempo estava mesmo ali. Tinha ido para o Belenenses, longe de casa… foi um período difícil. Estava sozinho e lembro-me que na primeira semana chorava quase todos os dias. Praticamente não conhecia Lisboa e os primeiros três meses não foram fáceis. Não jogava e disse várias vezes ao malogrado José António (capitão e figura do Belenenses) que queria sair para jogar. Ele disse-me para ter calma e passado algum tempo comecei a jogar, fixei-me a titular e fiz um bom resto de temporada. Foi então que apareceu o FC Porto.

Como reagiu quando soube do interesse do FC Porto?
Fiquei extremamente feliz. A verdade é que no final dessa época tive muitos convites, de clubes nacionais e internacionais. Só que apareceu o FC Porto e eu queria regressar ao Norte. Não pensei duas vezes e assinei pelo FC Porto.

É do FC Porto desde pequeno?
Não, sinceramente agora já não tenho clube mas o clube de que mais gostava quando era pequeno era o Sporting.

Chegou a ter convites do Sporting não foi?
Sim. Quando estava no FC Porto falou-se nessa hipótese. Encontrei o Carlos Freitas no Sp. Braga e ele disse-me que quando estava no Sporting tentou várias vezes contratar-me mas não foi possível. Também quando fui do Braga para o Benfica houve essa hipótese mas nunca se concretizou. Hoje em dia Sporting, FC Porto ou Benfica são-me iguais mas, dos três, provavelmente, torço mais pelo Benfica.

Esteve cinco épocas no FC Porto e em duas delas foi emprestado. Porquê?
Na primeira vez estive três meses no V. Guimarães e foi um ano atribulado. O FC Porto teve três treinadores (Del Neri, Victor Fernandez e o José Couceiro). Fui emprestado com o Fernandez após termos tido um pequeno conflito e decidi sair. Entretanto tive azar porque na semana que saí para o Guimarães, o Fernandez abandonou o FC Porto e entrou o Couceiro que contava comigo. Passados esses três meses regressei ao FC Porto e já era o Co Adriaanse o treinador. No segundo empréstimo foi quando me lesionei. Já com o Co Adriaanse, fomos campeões na primeira época, joguei sempre e no último jogo da primeira volta da segunda época lesionei-me novamente no joelho e passei o resto da época lesionado. O FC Porto disse-me então que não contava comigo e fui para Espanha, para o Espanhol, onde também não consegui jogar devido a lesão. Fiz apenas vinte minutos num jogo particular. Ou seja estive cerca de um ano e oito meses sem conseguir jogar.

Foi o pior momento da sua carreira?
Sim, inclusivamente em Espanha, o conceituado médico Ramon Cugat dava-me como acabado para o futebol. Rescindi contrato com o Espanhol por causa disso. Ele dizia que eu tinha que ir para uma clínica na Suíça, rebentar e reconstruir o joelho e mesmo assim não sabia se eu voltaria a jogar. Irritei-me com o médico, lembrei-me do Mantorras, discuti com ele e decidi vir embora. Fiz mais uma operação e passado mês e meio estava a jogar novamente e até hoje não tive mais problemas.



E voltou para Portugal para representar o Sporting de Braga. Uma aposta ganha?
Completamente. O Jorge Costa, que tinha sido meu colega no FC Porto, era o treinador e no início fui para o clube, digamos, assim por favor. Não assinei logo contrato. Fui operado, paguei a operação do meu bolso, e não quis voltar ao FC Porto para recuperar porque estava extremamente chateado com a uma forma como tinha sido saído. Dispensaram-me quando estava lesionado. Na altura o Jorge Mendes, o meu empresário, tinha boas relações com o Braga e falou com eles e o Jorge Costa, como me conhecia, aceitou que treinasse até ao final da época. Recuperei-me, o Braga ficou esclarecido sobre a minha condição física e quis que eu ficasse no clube. Agradeci e fiquei dois anos e meio em Braga. Meio ano por favor e dois anos de contrato. Gostei muito de jogar no Sporting de Braga e foi no Braga que cheguei a internacional AA por Portugal.

Depois dá-se a transferência para o Benfica.
Aos 29 anos consegui ir para o Benfica. Para mim, depois da travessia de quase dois anos e do modo como sai do FC Porto, foi um triunfo importante. Voltei a ganhar mais troféus e sagrei-me novamente campeão nacional. Consegui ser campeão nacional em Portugal por dois clubes diferentes, o que não é fácil.

É verdade que saiu do Benfica por não querer jogar a defesa esquerdo?
Sim, é um bocado caricato mas é verdade. Já tinha jogado cinco anos num clube grande – o FC Porto –, tinha ganho títulos, estava no Benfica há dois anos, tinha voltado a ser campeão e queria começar a jogar numa posição onde sentisse o maior prazer em jogar. Queria retirar mais prazer da minha profissão. Na época em que decidi sair do Benfica, o Jorge Jesus teve uma conversa comigo e disse-me que naquela época apostava em mim só para defesa esquerdo. Eu disse que não aceitava e decidi sair. Se me perguntar se estou não arrependido da minha decisão, não sei, neste momento estou feliz e sinto-me bem no Gil. Tenho o que procurava quando saí do Benfica.

Manteve uma relação de amor/ódio com os adeptos do Benfica. Tem essa noção?
Sim, perfeitamente, mas acho que não é só com os adeptos do Benfica mas sim com todos os adeptos dos clubes por onde passei.

Porquê?
Não sei, talvez pela minha forma de jogar, não sou consensual. E depois, não fujo à questão, devido à minha privada. Por esta ser mais exposta do que é normal torna-me num jogador alvo de mais críticas. E depois também por ter jogado no FC Porto e posteriormente ter representado o Benfica, dois rivais, e ainda por ter jogado no Guimarães e no Braga, mais dois rivais, tudo ajuda à minha relação com os adeptos. Por fim, tenho ainda fama de ser vaidoso, playboy e tudo isto faz com que eu não seja um jogador consensual. Mais sincero do que isto não posso ser.

Ou seja, o FC Porto foi o único clube de onde não saiu por sua iniciativa?
Foi o único onde fui “empurrado” para sair. Não saí do FC Porto porque quis. Saí lesionado. Na altura pedi para ter reunião com o presidente Pinto da Costa e na qual ele me disse que sozinho não me conseguia segurar. Então, eu disse tudo bem e pedi a sua palavra que me deixava sair livre para onde eu quisesse. Ele disse-me que desde que não fosse para um clube português tudo bem. Mas acabou por não ser assim. Assinei pelo Espanhol no último dia do mercado mas antes tive vários convites, mas como o FC Porto pedia dinheiro e como eu vinha de uma lesão não queriam pagar pelo meu passe. Houve uma espécie de braço de ferro e eu disse que já que não me deixavam sair para onde eu queria, não saía e ficava na equipa B até o contrato acabar e depois saía com o passe na mão. Mas depois lá o meu empresário e o FC Porto chegaram a um entendimento e assinei pelo Espanhol, numa espécie de solução de recurso.



Até agora, somou apenas uma internacionalização AA por Portugal (jogo particular Brasil-Portugal, com vitória da formação brasileira por 6-2). Tem mágoa por não ter representado mais vezes a Seleção?
Lamento mas não me considero injustiçado. Nas alturas em que eu estava mesmo bem, lesionei-me sempre gravemente. O próximo passo seria naturalmente a seleção mas as lesões retiraram-me essa hipótese.

Qual foi o treinador que melhor soube tirar partido das suas qualidades?
Cada um à sua maneira conseguiu fazê-lo mas com quem fiz melhores época foi com o José Mourinho, no FC Porto, e com o Jorge Jesus, no Braga, e no primeiro ano do Benfica. Acho também que estou a fazer uma boa época no Gil Vicente com o treinador João de Deus e tenho quase a certeza que farei um bom resto de temporada. Há empatia, há uma forma de trabalhar com a qual me identifico.

Qual a maior desilusão que teve no futebol?
As lesões que me impediram ter uma carreira ainda melhor.

Baseado na sua experiência, os jogadores dos clubes chamados grandes são beneficiados pelas arbitragens?
Sim, há faltas ou pequenas faltas que se um jogador de um clube pequeno cair o árbitro não apita e se for num clube grande apita na hora. Estaria a mentir se dissesse o contrário.

Aceita isso com naturalidade?
Custa-me um bocado a aceitar até porque estava habituado a que me apitassem e agora já não o fazem e fico um bocado chateado.

Os clubes portugueses deveriam apostar mais na formação?
Sem dúvida, até por motivos económicos. O segredo é apostar mais na formação e no jogador português. A sua qualidade é inquestionável. Os melhores jogadores portugueses representam os maiores clubes europeus. Falo até pelo exemplo do Gil Vicente. Este ano a maioria dos jogadores que têm jogado são jovens e portugueses e têm demonstrado todo o seu valor e mais tarde podem significar mais-valias financeiras para o clube. Penso que é uma forma inteligente de fintar a crise.

E porque é que isso não acontece com mais frequência?
É um mundo complexo. Há muitos interesses e valores envolvidos. Às vezes o negócio sobrepõe-se ao futebol.

Qual foi o melhor balneário que integrou?
O dos anos do FC Porto com José Mourinho, quando ganhámos tudo. Havia uma grande camaradagem. Por exemplo, quando acabava um jogo, e sem combinar nada, olhávamos uns para os outros a perguntar: ´Como é que é? Onde é que vamos?´, lá íamos todos para a noite, e quando reparávamos éramos 14, não apenas dois ou três. Isto sem combinarmos nada. Dávamo-nos todos muito bem. Almoçávamos, jantávamos, íamos para os jogos na galhofa com a certeza de que iríamos ganhar. Tínhamos uma grande autoconfiança. O balneário era fantástico. Se calhar o facto de termos ganho tanto ajudou a fomentar esse espírito. Um bom balneário sustenta um dia menos bom e o contrário pode não acontecer.

Alguma vez foi aliciado a recorrer ao doping?
Não, nem permitiria tal situação.

Tem um palmarés recheado – ganhou campeonatos nacionais, a Liga dos Campeões, a Taça Intercontinental, a Taça UEFA, entre outros títulos. Considera-se um jogador reconhecido pelo futebol português?
Sinceramente não. Pelas pessoas que andam no futebol, as pessoas diretamente ligadas ao futebol, sim mas, em termos de opinião pública, adeptos, jornalistas, acho que não.

Porquê? Tem a chamada “má imprensa”?
Penso que nunca tive imprensa (risos). Nunca me condicionou, na forma de estar ou de jogar, ou vai condicionar. Sinceramente, quase que não leio jornais. Com 33 anos, se há coisa que consigo perceber é quando eu ou algum colega está bem ou faz ou não um bom jogo. Quando acaba um jogo analiso o meu desempenho, o dos meus colegas, da minha equipa e quando no dia seguinte vou ler os jornais e aquilo está tudo ao contrário, sinceramente não me dá vontade de ler.

Isso acontece porquê?
É por causa do que já falámos. Pelo menos em relação a mim. Há figuras públicas que caem em estado de graça e que podem cometer os maiores erros do mundo que são perdoadas enquanto há outras que ao mínimo deslize são criticadas. Eu estou nesta última parte.

Com tantos títulos, o que falta na sua carreira?
Em Portugal alcancei tudo, apenas tenho pena de não passado para outro patamar, no estrangeiro, mas fui sempre muito condicionado pelas lesões. Mas tenho muito orgulho na minha carreira e ainda não me dou por velho e acabado e espero jogar mais dois, três anos.

É sócio do SJPF desde o tempo em que jogava nos Caçadores das Taipas. O que o levou a associar-se ao Sindicato?
Sim, sou sócio desde os Caçadores das Taipas e sempre pagante. Na altura os jogadores mais velhos falaram-me da importância de ser sócio. Embora nessa época os jogadores não dessem tanto valor ao facto de serem sócios do Sindicato. Hoje em dia é diferente. Os jogadores são mais reconhecidos e o Sindicato é mais respeitado. Sempre acreditei nisso. Acho que é uma estupidez que nós jogadores, onde também me incluo, às vezes sejamos egoístas. Principalmente os jogadores das equipas grandes que podiam dar mais força ao Sindicato, apoiar as suas causas e até tentar angariar mais jogadores para o SJPF. Quando as coisas correm bem esses jogadores não ligam mas há companheiros de profissão em dificuldades e, como estão num patamar mais acima, não nos apercebemos dos problemas. É cada vez mais importante que os jogadores adiram ao sindicato. Da minha parte, tento passar essa mensagem mas às vezes não é fácil. Há também muitos estrangeiros que dificultam esse trabalho. Penso que a maioria dos jogadores portugueses são sócios do Sindicato. Mas ainda não temos a noção da força que poderíamos ter se estivéssemos todos juntos.

Alguma vez precisou dos serviços do Sindicato?
Apenas uma vez e foi simples um aconselhamento jurídico. Felizmente, a nível salarial nunca tive problemas nos clubes por onde passei.

Como é que tem visto a evolução do Sindicato desde quando jogava nos Caçadores das Taipas (em 1999) até ao presente?
O Sindicato tem feito um grande trabalho. Noto que o SJPF está cada vez mais ativo e o seu apoio é importante para os jogadores. Realço o trabalho do Sindicato para com os jogadores que mais precisam e ainda a realização do estágio para os jogadores desempregados.


PERFIL

César Peixoto
Data de nascimento: 12.05.1980
Naturalidade: Guimarães
Clubes: V. Guimarães (formação), Caçadores das Taipas, Belenenses, FC Porto, V. Guimarães, FC Porto, Espanhol, Sp. Braga, Benfica e Gil Vicente
Internacional AA por Portugal