“É excelente ter quem defenda os interesses dos jogadores”
JOEL QUEIRÓS, avançado do Benfica e da seleção nacional, conta como surgiu o amor pelo futsal, como correu a sua experiência em Espanha, como é feliz no Benfica e o que falta para a seleção ganhar um título internacional.
Como decidiu enveredar pelo futsal?
Joguei futebol de 11 dos 10 aos 13 anos. Nessa altura deixei de jogar a meio da época e, a convite de uns amigos, fui para uma equipa de futsal chamada G.D.R. Covelo. Ia ser só até ao final da temporada mas tomei-lhe o gosto e fiquei na modalidade até hoje.
Que expectativas tem para o resto da presente temporada?
Ao jogar no Benfica as expectativas são sempre as mesmas, ou seja, ganhar todas as competições em que estamos inseridos, que neste momento são a Taça de Portugal e o Campeonato.
Como correu a experiência no estrangeiro?
Correu muito bem, foi uma experiência que nunca vou esquecer. Dos cinco anos em que estive em Espanha, o último foi o único que correu mal devido a uma lesão que tive que me fez perder o mundial do Brasil. Mas os outros quatro foram excelentes. Nos três primeiros anos joguei no El Pozo Murcia tive a oportunidade de jogar e aprender com os melhores do mundo e ganhar títulos nacionais, nomeadamente duas ligas de Espanha e uma supercopa.
Porque decidiu emigrar na altura?
Porque era esse o meu objectivo, ser profissional e jogar em Espanha. E quando recebi o convite do El Pozo não pensei duas vezes. Ia jogar no campeonato que queria e numa das melhores equipas. Era um sonho realizado.
Nunca se imaginou a jogar noutro país que não Espanha?
Não. Quando comecei a jogar no Freixieiro e tomei a decisão que queria ser profissional era em Espanha que queria jogar por ser o melhor campeonato do mundo.
Porque decidiu regressar a Portugal?
Por várias razões. Uma delas foi ao ser campeão da liga espanhola por duas vezes pelo El Pozo, concretizando um dos meus objetivos. Mas depois, no Triman, apesar de ter sido um clube em que adorei jogar, os objetivos não passavam por conquistar títulos. Quando o Benfica me contactou, decidi voltar, voltar à luta por títulos e jogar num grande em Portugal. Não podia desejar melhor.
Quais são as diferenças entre a Liga Espanhola e a Liga Portuguesa?
Sem dúvida nenhuma, e falando como jogador, é a competitividade. Sendo todas as equipas profissionais o nível de jogo é muito alto, o que torna os resultados sempre incertos.
Compensa ser profissional de futsal em Portugal?
Eu só posso falar no meu caso e a resposta é sim. Acredito que tanto no Benfica como no Sporting compense para todos os jogadores. Agora, pela realidade do futsal em Portugal, acho que é difícil sê-lo nos outros clubes.
Considera que o campeonato português é competitivo?
Competitivo é, porque como em todos os campeonatos tem sempre duas ou três equipas a disputar títulos e o resto são equipas que lutam sempre por um lugar nos playoff. O que podia ser melhor, e acho que a opinião é unânime, é a qualidade de jogo.
Enquanto jogador da modalidade, lamenta que um grande como o FC Porto não aposte no futsal?
Claro que sim. Era mais uma equipa que ia fazer com que a qualidade e competitividade do campeonato aumentasse.
Olhando para trás, para o início da sua carreira, que diferenças vê entre o futsal de então e o de agora?
Agora está muito mais organizado. O interesse do público aumentou e a entrada do Benfica contribuiu para isso.
Há alguma coisa de que se arrependa na sua carreira?
Não. Todas as decisões foram pensadas e não me arrependo. Algumas correram bem outras mal mas fizeram-me crescer, faz parte da vida.
Está contente com a sua carreira?
Sim. Consegui concretizar a maior parte dos objetivos a que me propus. O único que me falta, e sinto-me frustrado por isso, é não ter conquistado nenhum título pela seleção, mas ainda vou a tempo.
O que lhe falta conquistar?
Falta-me conquistar mais títulos. Acho que vão ser poucos os jogadores portugueses que vão conquistar a UEFA Futsal Cup e eu já a conquistei. Pela dificuldade que é gostava de voltar a jogar uma final da UEFA Cup e, como já disse, falta ganhar um título pela seleção.
Até que idade pondera jogar?
Não estabeleci nenhuma idade, sei que vai chegar a minha hora. Pelo exemplo de outros companheiros, vou jogar enquanto me sentir bem.
Ao fim de cinco temporadas no Benfica, qual é a sua ambição? Sair para outro clube, para o estrangeiro ou continuar ligado às águias?
O Benfica dá-me estabilidade, tanto a mim como à minha família. É uma equipa grande que luta sempre por títulos e por isso sinto-me muito feliz aqui.
Que balanço faz do último Europeu?
Acaba por ser um balanço positivo. Atingimos o objetivo mínimo a que nos propusemos. Jogamos contra as três seleções primeiras classificadas e discutimos o resultado. No jogo decisivo contra a Itália, que acabou por ser a campeã da Europa, só nos faltou o fator sorte porque acho que, a nível de jogo fomos superiores, mas em momentos chave do jogo eles foram mais eficazes que nós.
O que falta à Seleção para vencer uma competição internacional?
Na minha opinião, pela qualidade dos jogadores portugueses, o que falta é serem competitivos. O nível de jogo em competições internacionais é muito alto e acho que nesse aspeto os jogadores espanhóis, russos e italianos estão melhor preparados.
Que impressão tem das atividades do Sindicato?
Acho que o sindicato de jogadores tem tido umas iniciativas muito boas. É excelente ter uma instituição que defende os interesses dos jogadores.
Nome: Joel Ribeiro Queirós
Data de Nasc.: 21.05.1982
Equipas: Freixieiro (2001-2004), El Pozo Murcia (2004-2007), Triman Navarra (2007-2009), Benfica (2009-2014)
Títulos: UEFA Futsal Cup (2009/2010), dois Campeonatos Nacionais (2001/2002, 2011/2012), três Supertaças (2002/2003, 2009/2010, 2012/2013), Taça de Portugal (2011/2012) e duas Divisões de Honra espanholas (2005/2006, 2006/2007)