“Não temos jovens suficientes a jogar”
O presidente da Divisão Europa da FIFPro e vice-presidente do Sindicato Inglês destaca o trabalho conjunto que a PFA tem desenvolvido em conjunto com outras instituições para combater os incumprimentos por parte dos clubes, revelando que luta para ajudar os jogadores “a todos os níveis”.
Quando foi criada a Associação Profissional de Futebolistas (PFA)?
A PFA foi formada em 1907 e é a união desportiva mais antiga do mundo. Temos aproximadamente 4000 sócios que jogam, dos quais 150 são mulheres. Simultaneamente, temos inscritos como membros cerca de 55 mil ex-jogadores. A PFA opera com base num sistema “do berço à sepultura”, no qual olhamos pelos nossos membros em qualquer circunstância.
Qual é o seu cargo no Sindicato inglês?
Sou vice-presidente desde há sete anos a esta parte. O meu papel consiste em trabalhar lado a lado com o presidente, Gordon Taylor, que ocupa esta posição há 30 anos.
Quais são os principais serviços oferecidos pela PFA?
Representamos os jogadores a todos os níveis em qualquer dimensão da sua carreira, tais como direitos contratuais, representação disciplinar, bem-estar físico e psicológico, educação, formação, responsabilidade social, bolsas de estudo, assistência médica e aconselhamento financeiro.
Quais são os maiores problemas que os jogadores ingleses enfrentam?
O principal desafio para os futebolistas em Inglaterra é o de, mesmo sendo a Premier League considerada umas das maiores ligas do mundo, não haver jovens jogadores suficientes a alinhar regularmente pelas equipas. Além disso, só cerca de 33 por cento dos jogadores utilizados são selecionáveis para jogar pela seleção inglesa.
Os salários em atraso são um problema real no futebol inglês?
No geral, os contratos são respeitados no futebol inglês e é muito raro os jogadores não serem pagos. Temos um forte acordo de contrato coletivo de trabalho com as ligas e juntos garantimos que as sanções, tanto financeiras como através de embargos de transferências, sejam dissuasoras para clubes que não respeitem as regras. Além disso, as regras asseguram também que os clubes incumpridores não possam manter-se nas competições profissionais até que todas as dívidas, tanto a jogadores como a outros clubes, sejam saldadas.
As redes sociais são relevantes para o Sindicato inglês?
As novas tecnologias e as redes sociais têm vindo a desempenhar um papel importante no quotidiano do nosso sindicato. Atualmente, comunicamos com os nossos membros através do nosso site e da nossa conta Twitter. Por outro lado, contactamos os nossos sócios através de email e SMS. Do ponto de vista institucional, as videoconferências entre os nossos escritórios de Londres e Manchester reduziram em muito as despesas e o tempo gasto em viagens, o que nos permite ser ainda mais eficientes. Também possuímos um dedicado sistema de videoconferências com a FIFPro através do qual conseguimos chegar a membros de todo o mundo.
Qual é a sua opinião sobre a FIFPro?
Enquanto presidente da Divisão Europa da FIFPro e também como membro do comité mundial, a união mundial dos sindicatos assume um papel enorme na representação global dos jogadores, oferecendo-lhes uma voz nas questões relacionadas com a sua proteção social. Comprometemo-nos ao mais alto nível com a FIFA, a UEFA, outras confederações e, é claro, com a Comissão Europeia. Na minha opinião, é o dever dos sindicatos mais desenvolvidos, em países como Inglaterra, França, Espanha, Itália e Portugal, oferecer conhecimento e assistência a todos os sindicatos por todo o mundo para os ajudar a obter os mesmos direitos para os seus associados.
Qual é a vossa relação com a Federação Inglesa de Futebol?
A PFA tem uma relação muito forte com a Federação inglesa, bem como com a Premier League e a Football League. Todos estamos representados no Comité de Negociação e Consulta de Futebol Profissional (PFNCC), que é o órgão que alinha todas as decisões relativas ao estatuto dos jogadores e potenciais alterações nos regulamentos. Também trabalhamos com a Football Association em diversos projetos, nos quais se incluem a investigação médica, e com outras ligas em iniciativas de caridade. Relacionamo-nos ainda com as autoridades em áreas como a formação e a atribuição de bolsas a jovens jogadores.
Como define as relações institucionais entre os sindicatos português e inglês?
Mantemos uma forte relação entre a PFA e o SJPF, em especial com o presidente Joaquim Evangelista. O SJPF é um forte representante de Portugal na FIFPro.
Quer deixar alguma mensagem aos jogadores ingleses que jogam em Portugal?
Estamos sempre confiantes de que qualquer situação que ocorra com jogadores ingleses em Portugal terá o melhor acompanhamento do SJPF.
Perfil
David Oswald ‘Bobby’ Barnes
Data de Nascimento: 17 de dezembro de 1962
Posição: Extremo
Clubes: West Ham United, Northampton Town, Aldershot, Swindon Town, Bournemouth, Peterborough United e Partick Thistle