“O segredo para marcar tantos golos é ter uma boa equipa atrás de nós”


Com 19 anos apenas, é uma das melhores marcadoras de serviço no Campeonato Nacional Feminino. Antevê-se-lhe uma carreira brilhante, mas JÉSSICA SILVA ainda não decidiu o que fazer com o futuro.

Jéssica Silva não se lembra do primeiro chuto que deu numa bola. Está-lhe nos genes e, por isso, tornou-se tão natural como respirar ou caminhar. Ainda assim, a primeira opção desportiva de Jéssica foi o atletismo. “Não fazia a mínima ideia que havia campeonatos de futebol dedicados ao feminino”, justifica, acrescentado que “sabia que toda a gente jogava na escola, no Desporto Escolar, e era como eu fazia”. Mas, aos 15 anos, uma colega desafiou-a a realizar testes no União Recreativa Ferreirense (Anadia) e o talento veio ao de cima. Sem ídolos, sem deslumbramentos. Só futebol. “Jogava só por jogar”, conta, “era natural. Só comecei a apreciar devidamente futebol durante o Euro 2004 e, nessa altura, os meus ídolos passaram a ser Cristiano Ronaldo, Luís Figo, Pauleta, Maniche…”, explica.

A primeira época no Ferreirense foi de sonho. “Fui a melhor marcadora da equipa, nessa temporada. Lembro-me que, na primeiro jogo, contra a Fundação Laura dos Santos, não fui titular mas entrei na segunda parte e fiz o meu primeiro golo. Vencemos, foi uma boa estreia”, recorda a jogadora. “Penso que lidei muito bem com a integração na equipa. Não estava nervosa. Se me puserem uma bola à frente, é tudo muito mais fácil”, responde, com um brilho nos olhos.

Nesse mesmo ano, Jéssica acabou por ser convocada para a Seleção Nacional. “A estreia foi inacreditável”, admite. “Quando recebi a notícia de que tinha sido convocada, custou-me a acreditar mas foi bastante gratificante. Nessa altura é que comecei a levar o futebol mais a sério. No primeiro jogo estava muito nervosa. Entrei a 20 minutos do fim e ainda deu tempo para levar um amarelo”, lembra entre gargalhadas. Esse jogo frente à Áustria “correu bem”, apesar de não terem ganho. Jéssica tinha 16 anos.

Hoje, já com 19, cumpre a terceira temporada no Clube de Albergaria, que é onde se sente melhor. “Cheguei ao Albergaria um pouco por minha iniciativa e acabei por ser convidada. Nos últimos três anos, o clube tem ficado sempre bem classificado, uma vez que esse foi sempre o nosso objetivo primordial”, revela. “Chegar ao topo acontece porque queremos e trabalhamos para isso, mas claro que não é nada fácil”, reconhece. Sendo uma das melhores marcadoras do Campeonato Nacional Feminino, não resistimos a perguntar-lhe se tinha algum segredo para atingir tal marca. “O segredo para marcar tantos golos é ter uma boa equipa atrás de nós”, reflete.

Jéssica Silva está ainda no início da carreira e é das jogadoras mais promissoras da sua geração. Mas ainda não faz ideia do que será o futuro. “Estou a terminar o 12º ano em Desporto, mas o futuro é uma incógnita. Ficando em Portugal, o meu objetivo passa por continuar os meus estudos e no meu clube, mas se sair também não há de ser mau”, diz a avançada, que até tem uma confissão para fazer: “até há bem pouco tempo, não punha a escola à frente do futebol. Agora já o faço, mas a verdade é que sempre consegui conciliar minimamente as coisas”. Os sonhos moram no curto-prazo, já ali ao virar da esquina, ao seu alcance. “Nesta altura, o meu maior sonho é ganhar um título pelo meu clube. E quando for mais velha quero ser vista como uma referência e um exemplo a seguir”. Uma carreira no estrangeiro não está posta de lado, até porque os campeonatos favoritos de Jéssica são “o alemão e o espanhol”. Uma coisa é certa: uma chuva de tentos em cinco anos de futebol feminino deixam antever uma carreira sem igual.

Jéssica Lisandra Manjenje Nogueira Silva
Data de nascimento: 11/12/1994
Posição: Avançada
Clubes: Ferreirense e Clube de Albergaria