“Fui empurrado para sair pela porta pequena”
Sindicato apoiou o jogador.
O médio ofensivo Rui Duarte, de 36 anos, desvinculou-se do Olhanense depois de nove temporadas a representar o clube algarvio. O jogador não entrava nos planos do treinador Jorge Paixão, tendo rescindido o contrato que o vinculava ao Olhanense num processo em que contou com a ajuda do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF).
Em entrevista ao SJPF, Rui Duarte lamenta a forma como abandonou o clube de Olhão e confirma a mudança para o Farense.
Como foi o processo de desvinculação com o Olhanense?
Não foi um processo fácil. Fui um bocadinho apanhado de surpresa pela situação. Depois disso, através do Sindicato e na pessoa do presidente Joaquim Evangelista que sempre acompanhou o processo, fizemos uma reunião onde se fez um acordo. No entanto, esse acordo foi sucessivamente adiado e ao fim de um mês e meio conseguimos acertar a rescisão.
Qual é a avaliação que fazes do trabalho do SJPF durante todo este processo?
O Sindicato foi sempre muito activo e mostrou-se muito interessado em resolver a situação o mais rápido possível. O presidente teve uma prestação notável, só tenho que lhe agradecer o seu interesse e demonstrou que os jogadores não estão sozinhos, estão acompanhados e têm um Sindicato que os defende. O SJPF procurou sempre uma solução que fosse boa para mim e também para o clube.
Como é que te sentes depois de teres acertado a rescisão com o Olhanense?
É óbvio que tenho um sentimento estranho, porque foram alguns anos de muita dedicação, entrega e sacrifício no Olhanense com o objectivo de fazer crescer o clube. Sinto um pouco de alívio, mas também alguma tristeza pelo facto de a desvinculação ter acontecido desta forma. Não esperava de maneira nenhuma que isto acabasse assim, mas as pessoas decidiram assim e acham que estão certas. Eu não tenho nada contra o clube nem contra os sócios, antes pelo contrário, mas os dirigentes não souberam estar à altura de uma instituição que tem mais de 100 anos.
Já decidiste o que vais fazer no futuro? É verdade que vais jogar no Farense?
Sim, é verdade. Tenho que agradecer ao Farense. Este ano, o meu processo de renovação com o Olhanense não foi fácil, também foi algo demorado e antes disso tinha uma proposta do Farense que eu nunca escondi à administração da SAD do Olhanense. Nessa altura já me tinham dado a oportunidade de prosseguir a minha carreira no Farense e depois desta situação se verificar, eles mais uma vez demonstraram interesse em contar com os meus serviços, ligaram-me e tinham todo o interesse que fosse para lá e eu só tenho que agradecer. Vou com um enorme orgulho representar o Farense. Espero que as pessoas de Olhão compreendam que eu não saí porque quis, mas porque fui empurrado para sair pela porta pequena. Foi o maior rival que me estendeu a mão, digamos assim, para prosseguir a minha carreira e tentar acabá-la de uma forma digna, que é isso que eu pretendo.
Esperas terminar a carreira no Farense? Até quando pensas jogar futebol?
Eu não penso nisso. É óbvio que, no fundo, sei que não tenho muito tempo mas não penso muito numa data. Não sei se será daqui a seis meses, se é daqui a um ano e meio, não sei, o que posso dizer é que me sinto bem e tenho condições para ajudar. Estou com plenas capacidades para ajudar o grupo e é nesse sentido que vou para o Farense. Tenho muita vontade para poder ajudar, tal como fiz em todos os outros clubes onde passei, e a dedicação e entrega que tive pela instituição do Olhanense é a mesma que terei no Farense. É a minha maneira de ser e vou dar o máximo para que tudo corra bem, de forma a ajudar os meus colegas e o clube.
Já pensaste no que vais fazer quando terminares a carreira de jogador? Queres continuar ligado ao futebol como treinador ou dirigente?
Sim, tenho isso em mente. O futebol faz parte de mim e não sei viver sem ele. É uma paixão para mim e claro que faz parte dos meus planos. Neste momento tenho o primeiro nível de treinador e quem sabe não se abrem outras portas. Para já, a minha intenção é continuar a jogar e obviamente se quiser continuar ligado ao futebol irei abraçar outros projectos noutras áreas e estou receptivo a isso.
Qual é a opinião que tens do trabalho desenvolvido pelo Sindicato?
É importantíssimo. O Sindicato preocupa-se com os jogadores do futebol português. Nos últimos anos, o SJPF tem trabalhado activamente para resolver vários problemas. Infelizmente há muitas situações que não correm bem e nesse sentido o Sindicato está sempre pronto a tentar proteger activamente e a defender os seus jogadores. Penso que o SJPF é fundamental no futebol português e todos os jogadores em Portugal deveriam ser sócios do Sindicato para dar mais força à instituição. É importante que o SJPF tenha força junto das entidades competentes, de forma a defender o jogador activamente. O presidente tem feito um excelente trabalho e só tenho que lhe agradecer por ter liderado este processo e por ter resolvido a minha situação de forma bastante inteligente.