“Vou lutar pelo título de melhor marcador da Liga polaca”


Melhor marcador da Liga polaca.

O avançado português Flávio Paixão, que representa o Slask Wroclaw, admite, em entrevista ao SJPF, que tem como objectivo ser o melhor marcador da Liga polaca. O jogador de 30 anos que fez grande parte da sua carreira no estrangeiro não acredita num eventual regresso ao futebol português, mas ainda acalenta a esperança de representar a Selecção Nacional.

Porquê a decisão de estar há nove anos no estrangeiro?
Tanto eu como o meu irmão [Marco Paixão] nunca tivemos uma oportunidade real para jogar em Portugal, depois de sairmos do FC Porto B. Tenho feito uma carreira fantástica, cheia de coisas boas, decidimos muito bem ir para fora e se não há oportunidades dentro do nosso país, há que prosseguir o nosso caminho fora de Portugal.

O que sente por jogar ao lado do seu irmão gémeo?
Jogamos juntos desde os cinco anos de idade e demos continuidade a nível profissional, numa primeira divisão e ao mais alto nível. Realizámos esse sonho, era um grande objectivo a que nos propusemos desde miúdos e uma das coisas mais giras da vida é poder jogar com o meu irmão e desfrutar do futebol com ele.

Gostava de voltar a ter o seu irmão como adversário?
Se algum dia isso tiver de acontecer, acontecerá. Já fui adversário do Marco em Espanha e não houve qualquer problema. São situações diferentes e nós, profissionais, temos de estar habituados.

Os colegas de equipa no Slask conseguem distinguir o Flávio do Marco?
Sim, aqui conseguem. Por vezes, um ou outro jogador não consegue distinguir assim tão bem, mas o treinador [Tadeusz Pawlowski] é quem tem mais dificuldades. Também na rua algumas pessoas não conseguem dizer quem é o Marco e o Flávio.

Das experiências que teve no estrangeiro (Espanha, Escócia, Irão e Polónia), qual a que teve mais significado para a sua carreira?
Espanha foi uma grande aprendizagem para mim. No Benidorm estive com um treinador [Luis García, que recentemente orientou o Getafe] que me ensinou muito. Na Polónia penso que cresci bastante, as coisas estão a correr muito bem e é uma grande etapa tanto para mim como para o meu irmão. Em Espanha foi onde comecei a crescer como jogador e na Polónia estamos numa liga e num clube fantástico e esperamos continuar a fazer história e ao mais alto nível, como até aqui.

Neste momento tem 13 golos marcados em 19 jornadas do campeonato. Espera ser chamado à Selecção Nacional?
Claro que sim. Quem é que não quer ir à Selecção? Julgo que quando temos bons números, jogamos bem e as pessoas reconhecem o nosso valor, podemos pensar nisso. Há pouco tempo eu e o meu irmão fomos considerados os melhores jogadores estrangeiros na Polónia por um jornal daqui. Essas distinções fazem com que a motivação seja maior todos os dias e acredite que a Selecção Nacional possa ser uma realidade. Trabalho sempre com o objectivo de poder vir a representar e ajudar o meu país.

Tem alguma meta em termos de golos para esta temporada?
Não. Vou jogo a jogo. Gostava de ser o melhor marcador da Liga, visto que não sou um número 9, sou um extremo e actualmente sou o jogador com mais golos marcados no campeonato. Vou pensar sempre de forma positiva e acreditar que posso conseguir esse prémio. Lutarei até ao fim para ser o melhor.

Está no seu horizonte regressar ao futebol português?
Neste momento estou muito bem fora de Portugal. Temos feito épocas extraordinárias no estrangeiro e penso que será difícil voltar a Portugal. Até hoje nunca nos deram uma oportunidade no nosso país e agora, com 30 anos, dificilmente nos darão. No ano passado, o meu irmão marcou 28 golos e não houve um convite de uma equipa portuguesa, por isso não estamos preocupados com essa possibilidade. Sentimo-nos muito bem fora do país, dão-nos valor, reconhecem o nosso trabalho e somos muito felizes aqui. Queremos continuar na Polónia e se no futuro houver uma oportunidade, teremos tempo para pensar se será bom para nós, mas de momento não estudamos essa possibilidade.

Tem acompanhado o trabalho do SJPF?
Sim. Costumo falar com algumas pessoas que estão ligadas ao Sindicato dos Jogadores. Têm feito um bom trabalho, leio as declarações do presidente Joaquim Evangelista e tem sido importante para o futebol português. Espero que consigam ajudar os jogadores que mais precisam.

Espera continuar ligado ao futebol quando terminar a carreira?
Por enquanto sou jogador do Slask. O futuro logo se verá. Vivo no presente, é claro que tenho projectos fora do futebol, mas neste momento estou aqui e por enquanto não penso no fim da carreira. Tenho algumas ideias em mente, mas de momento quero estar focado no clube. Não sei quando vou deixar de jogar.