“Estar na Selecção seria um sonho”


Avançado sonha com a Selecção Nacional.

Actualmente a jogar na Polónia, pelo Slask Wroclaw, Marco Paixão revela que as suas maiores ambições passam por ser internacional A e militar num clube da Primeira Liga Portuguesa.

Qual é a duração do contrato com o Slask Wroclaw?
O meu contrato termina no próximo Verão, em Junho de 2015.

Passou a maior parte da carreira no estrangeiro. A que se deveu essa decisão?
Tenho feito toda a minha carreira no estrangeiro porque nunca tive uma oportunidade em Portugal. Desde que saí da equipa B do FC Porto, nunca surgiu nenhuma possibilidade de aí jogar. As portas no estrangeiro foram-se abrindo aos poucos e fui vendo que me davam muito mais valor cá fora que no meu próprio país. Mas seria lindo poder jogar em Portugal. No ano passado fiz 28 golos, e nem assim tive um contacto. Mas neste momento sou muito feliz aqui na Polónia.

Como tem sido a adaptação à Polónia, tanto ao futebol como à cultura?
A adaptação tem sido fantástica. É um povo muito simpático, muito humilde, e que me tem recebido muito bem. É uma cultura diferente da nossa. A nível futebolístico, acho que é uma Liga muito boa, com um potencial gigante para crescer. As equipas daqui gostam de jogar de bola no pé, há treinadores com filosofias de jogo muito modernas. As condições são absolutamente espectaculares, e acredito que, se as equipas melhorarem até um nível profissional, a Liga polaca pode chegar ao estatuto das grandes ligas europeias nos próximos quatro ou cinco anos.

Jogar com o seu irmão na mesma equipa ajuda-o a ter melhores desempenhos?
Jogar com o meu irmão é fantástico. Aquilo que mais me agrada é vê-lo a meu lado, isso motiva-me muito. É como se fosse uma ajuda extra, parece que se tem sempre uma força suplementar quando dou conta que jogo ao lado dele. É muito especial.

Passou por países tão distintos como Espanha, Escócia, Irão, Chipre e agora Polónia: onde gostou mais de jogar?
Esta é fácil. É na Polónia que estou a viver os melhores anos da minha vida desportiva e sem dúvida que aqui é onde me sinto mais confortável. É o lugar onde mais gostei de jogar futebol. Em Espanha também foi muito bom, mas estive num escalão inferior. No Wroclaw tive oportunidade de jogar na Liga Europa e de fazer um golo ao Sevilha, que acabou por vencer o troféu.

Quais são as principais diferenças entre os vários campeonatos por onde passou?
Em Espanha, todos nós sabemos como é o futebol: toque, táctica, inteligência. Na Escócia, o jogo não era muito atraente, mas os adeptos eram capazes de dar vida ao espectáculo. No Irão foi uma experiência horrível: o futebol é muito amador. Em Chipre tive um ano muito bom, considero o campeonato cipriota uma liga de lançamento. Na Polónia as condições são excelentes, joga-se um futebol de toque, mas faltam jogadores de maior qualidade para tornar este campeonato num dos melhores da Europa.

No ano passado, conseguiu uma marca impressionante de 28 golos em 44 jogos. Qual é o segredo?
Basta ser positivo em todos os momentos da vida, acreditar sempre em nós e saber que podemos sempre ser melhores todos os dias, treinando e jogando sempre no limite, sempre a 200 por cento. E depois, claro, ter uma família maravilhosa como tenho. Ter um pai, um irmão e uma namorada que me apoiam sempre em tudo.

Qual é o campeonato mais difícil para um avançado, daqueles onde jogou?
Na minha opinião, é o escocês. É difícil porque é um estilo de jogo muito directo e muito físico. Os treinadores impõem muitas mudanças e tens de conhecer bem o futebol para te adaptares da melhor forma.

Com Fernando Santos aos comandos da Selecção Nacional, acredita que pode vir a ser convocado?
Estar na Selecção seria um sonho. Acreditarei sempre que posso chegar a representar Portugal, que é o meu sangue e o meu País. Tento manter-me positivo e ter sempre esse objectivo bem presente no meu dia-a-dia para que o possa alcançar.

Mesmo estando no estrangeiro, tem ligação ao SJPF?
Sim, costumo seguir as actividades do Sindicato. Costumo ver as notícias, as revistas e todo o trabalho que tem feito para bem do futebol, ajudando os jogadores tanto em Portugal como os que jogam no estrangeiro. Quero agradecer todo esse trabalho na luta pelos direitos dos futebolistas. Sabemos que, sem o SJPF, tudo seria mais difícil. O SJPF tem feito um trabalho extraordinário. As pessoas não fazem ideia do que nós, futebolistas, passamos em certas circunstâncias. Felizmente, o SJPF é como um pai que está sempre aí para nos ajudar.

Foi contactado para se fazer sócio dos sindicatos dos países onde tem jogado?
A única vez em que me fiz sócio no estrangeiro foi em Espanha, pela AFE (Associação de Futebolistas Espanhóis). O tratamento foi espectacular e ajudaram-me a resolver todos os problemas que me surgiram.


Perfil
Nome: Marco Filipe Lopes Paixão
Data de nascimento: 19/09/1984
Clubes: Sesimbra (formação), FC Porto B, Guijuelo (Espanha), Logroñés (Espanha), Cultural Leonesa (Espanha), Hamilton (Escócia), Naft Tehran (Irão), Ethinkos Achnas (Chipre) e Slask Wroclaw (Polónia).