“Regressar ao activo é a prioridade”
Regresso ao activo no horizonte.
O lateral esquerdo Tininho, de 35 anos, espera regressar brevemente ao activo após duas temporadas sem competir.
Em entrevista ao site do SJPF, o jogador fala-nos da sua carreira e comenta a situação vivida pelo Beira-Mar, clube que representou durante três temporadas.
Esta é a terceira vez que o Tininho participa no Estágio do Jogador. Quais são as principais diferenças que nota em relação a edições anteriores?
O Estágio é sempre uma iniciativa positiva porque permite adquirir forma física, caso haja uma oportunidade de ingressarmos num clube. Não noto grandes diferenças em relação a anos anteriores, está tudo dentro da normalidade, os treinos são bons e temos as condições mínimas para trabalhar.
Quando participou no Estágio pela primeira vez, como é que teve conhecimento desta iniciativa?
Tive conhecimento porque sou um jogador sindicalizado e estou sempre a par da actividade do Sindicato. Sabia que o Estágio era uma iniciativa que acontecia todos os anos e, como se costuma dizer, ficar sem contrato não acontece só aos outros. Infelizmente estou a passar por essa situação e resolvi participar nesta iniciativa.
Nas duas últimas épocas, o Tininho esteve sem competir. Foi por opção própria ou por falta de convites?
No primeiro ano não recebi convites para jogar. Na época passada tive uma proposta, mas não ia ao encontro das minhas expectativas e por isso optei por não competir. Ainda assim, mantive-me no activo através de uma equipa que faz parte do campeonato do Inatel. Aceitei o convite para não estar parado. Obviamente que a intensidade não é igual à da competição profissional, mas foi bom para mim. Não estive totalmente parado, fazia jogos duas vezes por semana, fi-lo desde Outubro até Maio e foi positivo porque permitiu-me chegar aqui noutras condições.
Ao participar neste Estágio, quais são as suas perspectivas para o futuro?
O principal objectivo é regressar ao activo.
Nos clubes que representou, alguma vez foi vítima de salários em atraso?
Sim, fui. Mas felizmente as situações acabaram por se resolver.
Quando foi vítima do incumprimento salarial, recorreu ao Sindicato dos Jogadores?
Sim, por uma vez. O clube dificultou ao máximo a resolução da situação e fiquei satisfeito com o apoio do Sindicato, porque resolveu o meu problema.
Em 2007/08 teve a primeira experiência no estrangeiro, ao jogar no West Bromwich e no Barnsley. Como foi a passagem pelo futebol inglês?
Joguei no Championship (segunda liga inglesa). Através do meu ex-empresário surgiu a oportunidade de cumprir um período à experiência no West Bromwich e acabei por ficar. Não tinha grande conhecimento do país e do campeonato secundário, mas fui porque não tinha nada a perder. As coisas acabaram por correr bem e assinei contrato.
Depois de Inglaterra, regressou a Portugal e jogou uma época no Belenenses. Na temporada seguinte rumou ao Steaua de Bucareste. Como foi a experiência na Roménia?
Foi uma experiência curta e não foi muito positiva. Cheguei lá já depois de ter terminado a pré-época, porque na Roménia o campeonato começa muito mais cedo devido à paragem de Inverno. Quando os meus colegas estavam a iniciar a competição, eu estava a iniciar a pré-época e é sempre complicado, porque quando um jogador português vai para o estrangeiro as exigências são maiores e necessitamos de um período de adaptação que, por vezes, os clubes não dão. Temos de justificar logo o nosso valor. O Steaua é um clube grande da Roménia, equivalente a um Benfica em Portugal, e o proprietário do clube era muito problemático. Tínhamos todas as condições de trabalho, mas o presidente fazia muita pressão e isso reflectia-se ao nível dos resultados.
O Tininho jogou três épocas no Beira-Mar. Como vê os problemas que têm afectado o clube nos últimos tempos?
É triste. Estive naquela casa três anos, Aveiro é uma excelente cidade e o Beira-Mar é um clube de primeira divisão. Tinha tudo para dar certo e ver o Beira-Mar na situação em que está hoje entristece-me, mas é assim o futebol. O país também está numa fase complicada e é com muita pena que vejo o Beira-Mar nesta situação. Espero que volte o mais rapidamente possível aos campeonatos profissionais e ao lugar onde merece estar.
Além do futebol, tem outra actividade?
Para já não.
Quando terminar a carreira de jogador, espera continuar ligado ao futebol?
Ainda não defini o meu futuro em termos concretos.
Qual é a ideia que tem do trabalho desenvolvido pelo SJPF?
Tem sido um trabalho positivo. Tem lutado sempre pelos interesses dos jogadores e, por esse motivo, a maior parte dos futebolistas está satisfeita com o trabalho do SJPF e há que continuar.