“Evoluímos bastante no Estágio do Jogador”
Jogador do Estágio em entrevista.
O avançado João Martins, de 33 anos, dá nota positiva aos treinos do 13.º Estágio do Jogador. Em entrevista ao site do SJPF, o jogador que esteve em Angola nos últimos quatro anos conta-nos as várias experiências que teve na Europa e no continente africano.
Como têm sido os treinos no 13.º Estágio do Jogador?
Os treinos estão a correr bem, estamos a ganhar forma, que é o principal objectivo, e temos evoluído bastante.
Participou pela primeira vez no Estágio do Jogador em 2005, naquela que foi a terceira edição desta iniciativa do SJPF. O que o levou a participar no Estágio na altura?
Em 2005 estava no Alverca, que extinguiu a equipa profissional por insolvência, e inscrevi-me no Estágio para manter a forma e esperar por uma proposta de outro clube.
Nos últimos oito anos esteve no estrangeiro. Primeiro na Rússia, depois na Letónia e por fim em Angola. Como correram essas experiências?
Na Rússia foi uma boa experiência em termos desportivos e na Letónia ainda melhor. Foi o pico máximo a nível futebolístico. Pelo Ventspils participei no play-off da Liga dos Campeões e na fase de grupos da Liga Europa, na qual defrontei o Sporting em 2009. Jogar na Letónia foi muito benéfico para a minha carreira, em termos desportivos.
Aconselha os jogadores portugueses a arriscar uma experiência na Letónia?
Sim. É um bom campeonato, não é dos melhores da Europa, mas é um país com boas equipas e que são saudáveis em termos financeiros. São equipas que disputam pré-eliminatórias da Liga dos Campeões e por vezes conseguem chegar à fase de grupos.
Antes de rumar à Rússia, jogou no Chaves na Segunda Liga e no Tourizense na então II Divisão B (actual CNS). Há uma grande diferença entre os dois escalões?
Sim. A Segunda Liga é muito competitiva, talvez mais ainda do que a Primeira. Na II Divisão B havia equipas mais fortes e outras não tão poderosas.
Jogou no Chaves em 2005/06. Na última época, o clube transmontano esteve muito perto de subir à Primeira Liga. Acredita que com Vítor Oliveira ao comando a subida de divisão será uma realidade?
Não será fácil, mas é possível. Se a equipa trabalhar para vencer todos os jogos e se for empenhada, julgo que conseguirão subir de divisão.
A primeira experiência lá fora foi na Rússia. A adaptação ao país foi difícil?
O Sibir é um clube que oscilava entre a primeira e a segunda divisão e quando cheguei a equipa estava no segundo escalão. O único problema era o frio. Na Sibéria, a temperatura é muito baixa, o termómetro chega a atingir os 42 graus negativos e houve alturas em que joguei com -22º C.
Esteve em Angola entre 2010 e 2014. Que ilações positivas retirou desse período?
O futebol angolano é diferente do português, do russo e do letão. O campeonato angolano já evoluiu muito desde 2010 e agora está num bom nível. Angola tem bons treinadores e bons jogadores.
Foi treinado por técnicos portugueses em Angola?
Sim. Pelo Carlos Manuel no 1.º de Agosto e pelo Henrique Calisto no Recreativo de Libolo. Aprendi muito com ambos.
No estrangeiro viveu algum episódio caricato?
Sim, tive vários episódios na Rússia, na Letónia e em Angola. Os principais estão relacionados com as mudanças bruscas de temperatura. Saí da Letónia com 15 graus negativos e cheguei a Angola com 36 graus positivos. Nos primeiros tempos em Angola não conseguia aguentar mais de 15 minutos a jogar. Para mim 15 minutos pareciam 120. Ao fim de um quarto de hora já estava de rastos.
Tendo em conta esse episódio, não aconselha os jogadores a se transferirem de um país muito frio para um país muito quente repentinamente…
É complicado. Jogar na neve e uma semana depois jogar com temperaturas de 40 graus, é preciso um longo período de adaptação.
Dos treinadores que teve até hoje, quais os que foram mais importantes para a sua carreira?
José Couceiro e Carlos Pereira, no Alverca, Paulo Torres, Carlos Manuel e Henrique Calisto.
Alguma vez foi vítima de incumprimento salarial?
Sim. Quando estava no Chaves recorri ao Sindicato, que me ajudou a resolver a situação e felizmente tudo terminou da melhor forma.
Qual é a avaliação que faz do trabalho desenvolvido pelo SJPF?
É um trabalho espectacular. O Sindicato ajuda muito os jogadores sem contrato, com a realização do Estágio do Jogador todos os anos.