“O respeito é essencial num grupo de trabalho”
Capitão do Arouca em entrevista.
Em 2007, no Mundial de Sub-20, pediu desculpa à Federação em nome da equipa por uma atitude de um colega. Nuno Coelho, médio do Arouca, é um exemplo de liderança e merece a braçadeira de capitão.
Mereceu a braçadeira de capitão. Como foi eleito?
Já fazia parte do lote de capitães, os outros dois [Bruno Amaro e Miguel Oliveira] saíram do clube e foi uma sucessão normal.
Já tinha sido capitão noutros clubes?
Tinha sido no Portimonense, na Académica e na Selecção.
Sente que impõe uma liderança natural no balneário?
Para ser capitão basta termos uma postura correcta e darmos o exemplo, porque somos um dos responsáveis do balneário.
Alguma vez teve de chamar um colega à atenção?
No Mundial de Sub-20, quando o Zequinha tirou o cartão ao árbitro, era um dos capitães e conversei com ele. E quando chegámos ao hotel pedi desculpa à Federação em nome da equipa. São situações em que o capitão dá a cara pela equipa, sem nunca querer ser mais do que os outros, apenas pelo bem do grupo.
Há algum capitão de equipa que tenha como exemplo?
O meu primeiro capitão, no Sp. Covilhã, o Trindade, marcou-me muito. Ultimamente tive dois que me marcaram pela positiva: o Hugo, no Beira-Mar, e o Bruno Amaro no Arouca. Revejo-me na forma como lideram o grupo.
Como capitão, que valores transmite aos mais jovens?
Há um valor que é essencial para um grupo trabalhar bem: o respeito. São 20 e tal personalidades, há jogadores mais contentes porque jogam mais, outros nem tanto... O respeito é essencial.
Do que costumam falar quando trocam galhardetes?
Normalmente há uma conversa tranquila. Sabemos que temos de dar o exemplo, estamos a representar o grupo e o clube, e termos a braçadeira dá-nos uma responsabilidade ainda maior.
Os árbitros são mais tolerantes com os capitães?
Acho que sim, também porque temos autorização para falar com eles, podemos falar mais com os árbitros, sempre dentro do respeito. Quando um árbitro vê um capitão dirigir-se a ele tem outra sensibilidade para receber o que lhe vamos dizer.
Já foi expulso por palavras enquanto capitão?
Não, nunca. Se nós enquanto equipa não queremos que ninguém seja expulso por palavras ou por algum desentendimento com o árbitro, muito menos o capitão pode ter uma atitude dessas.
Quais são as expectativas para esta época?
O nosso objectivo é fazermos muito melhor do que o que fizemos no ano passado. Foi uma época complicada, sofrida até ao fim, e temos noção de que deveríamos ter feito muito mais. Queremos ter uma época muito mais tranquila, até para estarmos mais soltos e podermos praticar um futebol mais bonito.
Passou por FC Porto e Benfica, mas não teve oportunidades. O que falhou nessas experiências?
No FC Porto era muito jovem. Fiz um contrato longo e andei muitos anos emprestado. Também não é um clube que aposte muito nos jovens portugueses. O Benfica surge depois de dois anos muito bons na Académica e tive poucas oportunidades. Sou feliz a jogar e sabia que no FC Porto e no Benfica jogaria pouco.
O que recorda da passagem pelo Aris, da Grécia?
Foi complicado mentalmente. É um clube que caiu na III Divisão e no meu ano teve muitos problemas, com três presidentes e cinco treinadores! Mas foi uma experiência muito boa, joguei quase sempre, conseguimos a manutenção e ajudou-me a crescer.
Antes disso esteve para jogar em Espanha. O que aconteceu nessa passagem relâmpago pelo Villarreal?
Estive em Espanha cerca de dois meses, depois de jogar no Portimonense. As coisas não correram como esperava, senti que não ia jogar e decidi seguir a carreira em Portugal. Vim para a Académica e veio a comprovar-se que foi uma decisão certa.
O Sp. Covilhã esteve perto de subir à I Divisão. Se isso tivesse acontecido, teria festejado?
Claro que sim! Foi o clube onde me estreei nos seniores com 16 anos e marcou a minha vida. Se o clube tivesse subido seria uma grande festa para as pessoas naturais da Covilhã e teria festejado. Não aconteceu, mas foi uma época histórica para o clube.
Como tem visto a actuação do Sindicato dos Jogadores?
Já necessitei do apoio do Sindicato e resolveram-me sempre as situações. É muito importante para os jogadores, está sempre disponível. Tem feito um bom trabalho e está de parabéns.
Perfil
Nome: Nuno Miguel Prata Coelho
Data de nascimento: 23 de Novembro de 1987
Posição: Defesa/Médio
Clubes: Sp. Covilhã (formação), Sp. Covilhã, FC Porto B, FC Porto, U. Leiria, Portimonense, Villarreal (Espanha), Académica, Benfica, Beira-Mar, Aris (Grécia) e Arouca.