"É bom sentir que o meu trabalho é reconhecido"


Três vezes considerado o melhor jogador do mundo, Madjer esteve uma vez mais em evidência no último Mundial de futebol de praia, disputado no Brasil, ao ganhar o troféu "Bola de Prata".

Há quantos anos é profissional de futebol de praia?

Há 11 anos.

Nasceu a 22 de Janeiro de 1977. Espera jogar até que idade?

Enquanto me sentir útil continuarei a jogar apesar de haver uma regra imposta pela FIFA que diz que os atletas só podem jogar futebol praia até aos 45 anos de idade. Se conseguir fazer parte do lote de jogadores que joga até essa idade ficarei muito feliz.

É possível ser profissional de futebol de praia sendo esta uma modalidade sazonal?

As pessoas ainda têm essa ideia mas já não é bem assim. Actualmente já temos torneios ao longo de todo o ano porque há uma forte aposta nos torneios indoor. Por exemplo, no ano passado, tivémos cerca de 15 torneios. A maior parte é concentrada no Verão mas também existem muitos no resto do ano.

Qual o momento mais feliz e o mais triste da sua carreira até ao momento?

O mais feliz foi ter sido campeão do mundo em 2001. O mais triste foi o primeiro mundial organizado pela FIFA quando fizémos o mais dificil, que foi eliminar o Brasil nas meias-finais, e perdemos a final com a França.

Existe mais ?fair play? no futebol de praia do que nas outras variantes de futebol?

Acho que sim. No futebol de praia todas as selecções ou equipas presentes num torneio ficam no mesmo hotel. Esse facto cria fortes laços de amizade e daí um maior espírito de ?fair play?.

Nos últimos cinco anos jogou nos italianos do Cavaliere del Mare. Como é que surgiu a hipótese de emigrar?

Em grande parte devido à camaradagem de que já falei. A Itália foi dos primeiros países a ter um campeonato nacional e como sou um grande amigo do capitão da selecção italiana, o Fruzzetti, surgiu a hipótese de representar a equipa que ele estava a formar. Aceitei o convite porque era um campeonato que estava em crescendo e porque era uma oportunidade de contactar com uma nova realidade. A partir daí, o campeonato italiano teve um desenvolvimento brutal. Mas agora, com alguma pena minha e grato pelo tempo que lá passei, vou abandonar a equipa que representei nestes últimos cinco anos.

Em que clube é que vai continuar a carreira?

Ainda não assinei mas em princípio será no Milano Beach Soccer, uma equipa ligada ao AC Milan.

Já foi várias vezes eleito o melhor jogador do mundo. O que é que lhe falta conquistar?

Em termos individuais sou um jogador realizado, agora a nível colectivo falta-me ser campeão do mundo num mundial organizado pela FIFA.

Sente que está para o futebol de praia português como, por exemplo, Eusébio, está para o futebol de onze?

Muito gente diz que vou marcar a modalidade para sempre. É bom, é sinal de que o meu trabalho é reconhecido, mas apenas quero ser visto como o Madjer.

Guarda alguma mágoa por não ter feito carreira no futebol de onze?

Não porque se calhar se tivesse seguido o futebol de 11 nunca teria alcançado a notoriedade que consegui no futebol de praia.

Como analisa o actual momento do futebol de praia em Portugal?

Conseguimos o reconhecimento da FPF e com isso estamos no bom caminho. Agora o futebol de praia vai começar a ficar estruturado de uma forma mais profissional. Além disso, é uma modalidade que já tem uma grande visibilidade dado que conta apenas com 11 anos de existência.

Quando acabar a sua carreira de jogador espera ficar ligado ao futebol de praia?

Sim, fiz o único curso de futebol de praia que a FIFA promoveu até agora e também já frequentei alguns workshps a pensar no futuro. Vou ficar sempre ligado ao futebol de praia, se não for como treinador será na parte organizativa. É uma modalidade que amo.