“Não quero ficar por aqui”


O jogador que marca golos do outro Mundo.

Tem 27 anos, joga no Oriental e maravilhou o mundo do futebol com dois golos soberbos, que surpreenderam os espectadores.

Em entrevista ao site do SJPF, Hugo Firmino fala do passado, do presente e do futuro e avalia o trabalho desenvolvido pelo Sindicato em prol do jogador de futebol.

O Hugo marcou dois golos no mês de Janeiro que são candidatos a melhor do ano. Como descreve esses lances?
O golo que marquei ao Vitória de Guimarães B é um lance com algum grau de dificuldade. Reconheço que fui feliz mas confesso que trabalhámos essa jogada várias vezes durante a semana. Seria bom estar entre os nomeados para o prémio Puskas mas penso que será complicado, devido ao facto de jogar numa Segunda Liga em Portugal. Ainda assim, não é impossível. Em relação ao golo que marquei ao Chaves, é uma jogada mais comum, já houve vários golos desse género. Não foi tão vistoso.

Em 2016 o Oriental ainda não perdeu em jogos da Segunda Liga. A equipa está no bom caminho para assegurar a permanência?
Este ano ainda não tivemos o sabor da derrota porque mudámos um pouco a mentalidade. Por vezes, o importante não é jogar bem mas sim conseguir os pontos necessários para a manutenção. Não escondo que estamos numa situação complicada mas já melhorámos muito. Neste momento estamos a quatro pontos do 17.º lugar e uma vitória e um empate pode mudar tudo. Isso dá-nos alento para subirmos na tabela.

Que avaliação faz da sua época até ao momento em termos individuais?
Tenho participado na maioria dos jogos, tive a infelicidade de me lesionar, mas no cômputo geral tem sido uma época positiva. Já fiz várias assistências, marquei quatro golos, mas não quero parar por aqui. Ainda faltam alguns jogos e quero atingir o máximo número de golos possível e ajudar a equipa com uma média de assistências muito produtiva.

É a sua primeira época como jogador profissional em Portugal. Como está a ser a experiência?
Apesar de nunca ter sido jogador profissional em Portugal, fui sempre o mais profissional possível nos clubes amadores que representei. Sabendo que não é fácil chegar ao topo, sempre dei o máximo de mim ao futebol. Respeitei todos os clubes e colegas. A primeira experiência profissional no nosso país está a correr bem e sinto-me feliz.

Esteve quatro anos em Angola e representou três clubes diferentes. Que ilações retira da passagem pelo futebol angolano?
Angola é um país que está em evolução. Foi uma boa experiência, amadureci como jogador e como homem. Estive lá sozinho, longe da família e o meu empresário nunca esteve presente nas minhas celebrações de contrato. Alguns dirigentes são sérios, outros nem tanto, mas isso é assim em todo o Mundo.

Por que decidiu regressar a Portugal?
Regressei a Portugal para estar mais perto da minha família. Em Angola consegui alguma estabilidade financeira e o dinheiro não é tudo na vida. Além disso, tenho alguns objectivos para a minha carreira e tenho a noção de que se ficasse em Angola dificilmente conseguiria concretizá-los.

Em 2010 teve uma curta passagem pelo futebol cipriota. Como foi a experiência no Chipre?
Cheguei ao Chipre por intermédio de um jogador português. Fui treinar à experiência no Anagennisi Deryneia e acabei por ficar. Falaram-me nuns valores mas na altura de assinar o contrato vi que não condizia com o que tinha sido proposto. Decidi recuar, não assinei nada e acabei por voltar a Portugal.

Em Portugal representou vários clubes de escalões inferiores (Beira-Mar Almada, Torreense, Encarnacense, Odivelas, Portosantense e Moura). No início deste mês foi criada a Associação Portuguesa de Jogadores Amadores [APJA], com o apoio do SJPF. É uma organização que fazia falta ao futebol português?
Sim. Os jogadores amadores também precisam de alguém que os acompanhe. Apesar de serem amadores, também têm algumas dificuldades. Conheço vários casos de jogadores portugueses que vêm do estrangeiro para campeonatos amadores, que são vítimas de empresários que não os ajudam. Com este tipo de situações, de jogadores que acabam por ser abandonados, penso que é uma excelente iniciativa criar essa Associação. O apoio do Sindicato será importantíssimo e os jogadores amadores vão sentir-se mais protegidos.

O Hugo recorreu ao Sindicato devido a um diferendo com o Kabuscorp. Foi aconselhado por alguém a pedir auxílio ao SJPF ou foi uma iniciativa própria?
Fui aconselhado pelo Lourenço [jogador que participou no 13.º Estágio do Jogador, promovido pelo SJPF], que me disse para falar com o presidente do Sindicato. Expus o meu caso ao Dr. Joaquim Evangelista, que me apoiou desde a primeira hora.

Qual é o seu maior sonho enquanto jogador de futebol?
Ainda tenho cerca de sete, oito anos pela frente e o meu grande objectivo é chegar à Primeira Liga de Portugal. Não sei se vou consegui-lo mas estou a trabalhar para isso. O principal objectivo é chegar ao fim da carreira e dizer ‘dei tudo o que tinha ao futebol, dediquei-me a 100 por cento a todos os clubes e agradecer o facto de ter tido a possibilidade de viver do que mais gosto’.

Que impressão tem do trabalho desenvolvido pelo SJPF?
Fiz-me sócio do Sindicato em 2011, mas não tinha um conhecimento aprofundado do trabalho feito pelo SJPF. É uma organização que protege todos os jogadores portugueses e os estrangeiros que estão em Portugal. O Sindicato presta apoio em várias áreas: a nível jurídico, a nível profissional promove o Estágio do Jogador, no qual muitos dos jogadores que participam acabam por assinar contrato, etc. Penso que o SJPF está a fazer um excelente trabalho.  


Perfil
Nome: Hugo Filipe Pinto Servulo Firmino
Data de nascimento: 22 de Dezembro de 1988
Posição: Extremo
Clubes que representou: Beira-Mar Almada, Torreense, Encarnacense, Anagennisi Deryneia (Chipre), Odivelas, Portosantense, Moura, Interclube (Angola), Recreativo de Caála (Angola), Kabuscorp (Angola) e Oriental.

Veja o golo marcado ao Vitória de Guimarães B AQUI.

Golo marcado ao Chaves AQUI