Ricardo Esteves abre a porta da Remax
Depois do futebol, a imobiliária.
Ricardo Esteves terminou a carreira em 2012 e, após um período de reflexão para o passo seguinte, aceitou há um ano o convite de um amigo para trabalhar na Remax. Depois, foram pensando noutros voos e juntaram tudo o que diz respeito a esta área.
“Temos a Remax, temos uma empresa de decoração, que é a Lux Design, temos um departamento de contabilidade e uma empresa de obra, que é a BF. Somos quatro”, conta-nos o antigo lateral direito que, como indica o site da Remax, exerce agora as funções de director de expansão.
“Devido ao meu percurso, posso ser uma mais-valia pelos contactos que tenho. O futebol movimenta algum dinheiro, há sempre procura de casas entre os jogadores e posso ajudar os nossos colaboradores a ganhar mais clientes. Já consegui alguns jogadores”, revela.
O mesmo site refere que tirou os cursos de iniciação + iWork e de Sales Training, dois cursos intensivos que serviram para criar as bases necessárias para este ramo. “São técnicas de venda, de como abordar o cliente e obviamente que foram muito importantes para mim”, diz Ricardo Esteves, que está rendido a esta nova etapa da sua vida.
“Tem sido uma experiência muito positiva, com a ajuda destes meus sócios, e é um percurso muito diferente daquilo que é o futebol. Estou a gostar bastante”, admite.
De facto, a rotina diária de Ricardo conhece agora contornos bem diferentes, como nos conta: “Acordo às 7h30, tenho dois filhos e vou levá-los à escola, depois venho para a Remax. Além disso, estamos a fazer uma loja nova, a da Lux Design, e nesta fase, ainda em obra, há muita coisa para fazer.”
Apesar do horário preenchido, sempre que pode, ao final do dia, junta-se com os amigos para jogar futebol. “Ultimamente não tenho conseguido por causa do joelho, tive de ser operado, mas espero voltar o mais rapidamente possível.”
Essa paixão continua bem viva e até tirou o curso de I nível de treinador. Conseguida a licença para treinar, pensou que queria passar mais tempo perto dos filhos. “Se quero seguir o meu percurso no futebol gostava que fosse mais como director desportivo, não tanto ligado ao treino. Seduz-me mais do que ser treinador.”
Da carreira de jogador recorda um episódio passado no Mundial de Sub-20, em 1999. “Nos oitavos-de-final jogámos contra o Japão e o Sérgio Leite, que era o guarda-redes, partiu a clavícula, quando já tínhamos feito todas as substituições e ofereci-me para ir à baliza. Joguei como guarda-redes uns 15 minutos da segunda parte, mais os 30 minutos do prolongamento e ainda fui para os penalties, onde acabámos por perder.”
Formado no Benfica, chegou a coincidir com José Mourinho nos encarnados. Um breve encontro, suficiente para perceber que estava perante um treinador especial. “Só fiz um treino com ele. Percebi que motivava muito os jogadores, porque encontrei um balneário totalmente ligado a ele.”
Representou outros emblemas nacionais e teve também passagens por Itália, Grécia, Coreia do Sul e China. Destes destinos, foi no 'Calcio' que mais gostou de jogar. “O meu sonho, desde pequenino, era jogar em Itália. Assim que cheguei ao Reggina e pude ver aqueles craques que via na televisão, foi a concretização de um sonho.”
Depois, a Coreia do Sul foi uma surpresa. “Não pensava que tivesse aquelas condições, que se vivesse tão bem, com um campeonato muito competitivo entre equipas muito bem organizadas, com grandes estádios, complexos desportivos e suportes financeiros.”
Do lado oposto, coloca a experiência vivida na China. “Pensava que seria uma vida parecida à da Coreia, mas não. Das coisas mais caricatas que vi foi pessoas a atravessarem auto-estradas como se houvesse ali uma passadeira, pessoas estendidas no chão, que deviam ter sido atropeladas e nenhum carro parava para ver o que se passava...”
Ricardo Esteves continua atento ao futebol nacional e enaltece a actuação do Sindicato dos Jogadores. “O trabalho que o Dr. Evangelista tem feito é notável, também por dar oportunidade a ex-jogadores de fazerem parte do Sindicato. Acho isso fundamental, são pessoas que podem transmitir aos jogadores aquilo que já viveram.”
E deixa o convite aos antigos jogadores que procuram um novo rumo nas suas vidas: “Todas as empresas que tenho podem servir de trabalho para ex-jogadores e também podemos dar formação na nossa Remax.”