"Ir à Selecção foi sempre o grande grande objectivo da minha vida"


Aos 27 anos, Eduardo foi a principal figura de Portugal no Mundial 2010. O seu desempenho valeu-lhe a transferência para o Génova de Itália.

O seu brilhante desempenho valeu-lhe a transferência do Sporting de Braga para o Génova de Itália, clube pelo qual assinou por quatro temporadas. Nesta entrevista diz que tem uma carreira à feita do trabalho e não esconde que representar a selecção nacional foi sempre o grande objectivo da sua vida.

Sindicato – Como é que está a decorrer a adaptação a Génova (clube e cidade)?

Eduardo – Está a correr bem. Todos me receberam muito bem, os colegas foram fantásticos comigo, puseram-me à vontade o que facilitou a integração. Da cidade ainda conheço muito pouco já que estivemos em estágio.

Sindicato – Acaba de receber Miguel Veloso como companheiro de equipa. É bom ter um colega português na equipa?

Eduardo – Sim, não só por ser português mas também por vir acrescentar mais-valia à equipa já que é um excelente jogador.

Sindicato – O Miguel Veloso ligou-lhe a pedir conselhos sobre o clube?

Eduardo – Sim, falámos um pouco. Ele quis conhecer a realidade do clube e eu transmiti aquilo que encontrei.

  

“Vim para uma das melhores ligas do mundo”

 

Sindicato – Quais são os objectivos do Génova para esta temporada?

Eduardo – Passa por fazer melhor do que na época passada e garantir o apuramento para as competições europeias. O clube tem feito um esforço para ter uma equipa bastante competitiva. Sabemos que o campeonato italiano é muito difícil, uma das melhores ligas do mundo. Vamos com toda a certeza fazer um bom campeonato.

Sindicato – Assinou pelo Génova. Foi a melhor proposta que teve?

Eduardo – Acima de tudo gostei da maneira como os dirigentes do Génova me abordaram e pelo desejo que sempre manifestaram em contar comigo. Também foi a única proposta concreta que tive ou, pelo menos, a única onde falaram directamente comigo. Penso que foi bom para mim e será um bom desafio para a minha carreira e para continuar a crescer. Acima de tudo vim para uma das melhores ligas do mundo.

Sindicato – Tem 27 anos. Este foi o momento ideal para fazer o contrato da sua vida?

Eduardo – Não foi o contrato da minha carreira, foi um salto na mesma. Como tenho feito ao longo da minha carreira, não vou estar a pensar no futuro, gosto de me dedicar aos desafios e este é o que eu tenho agora. Vou dedicar-lhe toda a ambição e com muita força. Quero dar o meu melhor e o resto logo se vê.

 
“Saímos de consciência tranquila do Mundial porque demos tudo”

  

Sindicato – Saiu do Mundial 2010 como o jogador da selecção portuguesa mais idolatrado pelos portugueses. Tem essa noção?

Eduardo – Tenho um pouco pela manifestação de carinho das pessoas de que fui alvo. O que posso dizer é que tentei dar o meu melhor como faço sempre. Ir à selecção foi sempre o grande objectivo da minha vida e ao estar presente num Mundial, tentei desfrutar ao máximo e dar o meu melhor. Não fiz mais do que o meu dever e com muito prazer.

Sindicato  Ficou triste com o desempenho de Portugal no Mundial 2010?

Eduardo – Todos nós queríamos ter ido mais longe. Infelizmente não conseguimos. Perdemos também frente à selecção que se sagrou campeã mundial, não foi contra uma equipa qualquer. Saímos de consciência tranquila porque demos tudo, agora fica sempre aquele desejo de querer mais.

Sindicato – Geralmente os guarda-redes têm mais longevidade do que os outros jogadores de campo. Espera jogar até que idade?

 Eduardo – Ainda não pensei nisso. Estou muito feliz com o que tenho alcançado ao longo da minha carreira, pelos sonhos que tenho atingido e pela maneira como o tenho feito. Tenho orgulho no meu trabalho e naquilo que faço. Quando não tiver forças, não irei enganar ninguém, serei o primeiro a admiti-lo.

Sindicato – Quem era o seu ídolo como guarda-redes?

Eduardo – O Michel Preud’homme, o Vítor Baía e o Gianluigi Buffon.

Sindicato – Quando é descobriu que queria ser guarda-redes?

Eduardo – Desde muito pequeno. Sempre tive o gosto pela baliza. Nunca quis jogar à frente e também não tinha jeito.

Sindicato – Quem foi o treinador que mais o marcou até ao momento?

Eduardo – Dois: Vital, um dos grandes pilares da minha carreira, e Carlos Carvalhal, o grande impulsionador e o homem que me deu a oportunidade de evoluir na carreira. Ambos marcaram-me bastante.

Sindicato – Alguma vez se sentiu injustiçado pela crítica?

Eduardo – Toda a gente tem o direito de criticar agora há formas correctas de fazê-lo. Houve algumas que não gostei. Mas encarei as mesmas, não digo com normalidade, mas com mais uma força. A minha força vem do trabalho e não daquilo que dizem. É fácil criticar e agora também é fácil elogiar quando as coisas correm bem. Acima de tudo é importante acreditar em nós e no nosso trabalho.

Sindicato – Qual foi a melhor defesa ou a mais importante que fez até ao momento?

Eduardo – O penálti que defendi no final da Taça da Liga ao serviço do V. Setúbal e que significou a conquista do meu primeiro título.

Sindicato – E o pior frango?

Eduardo – O golo que sofri pelo Sp. Braga frente ao Paris Saint-Germain. Por tudo aquilo que representou, pela nossa eliminação da Taça UEFA, quando merecíamos ter passado.

Sindicato – O posto de guarda-redes é o mais ingrato numa equipa de futebol?

Eduardo – Acho que sim.

Sindicato – Qual o avançado mais difícil que já defrontou?

Eduardo – Já defrontei alguns muito difíceis. Não consigo nomear algum em particular.

Sindicato – A Jabulani é mesmo uma bola má?

Eduardo – É realmente muita má, pelas trajectórias que faz e pelo contacto com as luvas. É uma bola bastante complicada. O guarda-redes é sempre o sacrificado, resta-nos preparar sempre melhor.

Sindicato – Qual é a bola que será utilizada no campeonato italiano?

Eduardo – Nike.

Sindicato – Quando alinhou pelo Vitória de Setúbal, emprestado pelo Sp. Braga, foram públicos os casos de salários em atraso. Foi abrangido por essa situação?

Eduardo – Felizmente enquanto estive no Vitória de Setúbal cumpriram escrupulosamente comigo do primeiro ao último mês. Nada posso apontar.

Sindicato – Como reage o grupo de trabalho quando há salários em atraso?

Eduardo – É bastante complicado. No balneário sente-se a frustração dos outros colegas. A desmotivação nos treinos…não é a mesma coisa do que se tudo estiver bem. É difícil ao jogador abstrair-se desses problemas.

Sindicato – Os clubes com salários em atraso deveriam ser efectivamente penalizados?

Eduardo – Penso que sim. As pessoas têm de ser chamadas à responsabilidade por aquilo que fazem ou deixam de fazer. Muitas vezes contratam jogadores sem qualquer tipo de responsabilidade e depois batem com a porta e quem vier que resolva a situação. Não pode ser assim. Têm que ser responsabilizadas por aquilo que fazem.

Sindicato – Como tem visto a actuação do Sindicato dos Jogadores no futebol português?

Eduardo – É obvio que há dificuldades mas acho que o Sindicato tem evoluído, tem procurado estar mais perto dos jogadores, apoiá-los e é uma base importante para os jogadores. Penso que tem feito um bom trabalho.

Sindicato – Alguma vez teve necessidade de recorrer aos serviços do Sindicato?

Eduardo – Felizmente nunca tive essa necessidade.

Sindicato – Qual é o seu clube desde pequenino?

Eduardo – O clube que está presente é obviamente o Sp. Braga. Foi onde cresci e é um clube a que devo muito.