“Faltam apoios e visibilidade ao futebol feminino”


Filipa Galvão continua a alimentar o sonho de jogar futebol apesar das dificuldade em conciliar o desporto com os estudos.

Sindicato - Quando é que começou o gosto por jogar futebol?

Filipa Galvão - Desde criança que estou ligada ao futebol, visto que o meu pai também era jogador e eu acompanhava-o nos treinos. Recordo-me de ter três anos e andar no meio do campo atrás da bola.

Sindicato - E pensou desde logo em levar o futebol a sério?

Filipa Galvão - Joguei sempre essencialmente por gosto, não me passava pela cabeça ser sequer federada, até porque nem sabia que existiam campeonatos de futebol feminino na altura.

Sindicato - Contou sempre com o apoio da sua família?

Filipa Galvão - Sim a minha família foi o meu grande pilar, sempre me apoiaram e acompanharam em tudo.

Sindicato - Como é que é ser mulher num desporto dominado por homens?

Filipa Galvão - Ainda existem muitos estereótipos relacionados com as mulheres no mundo do futebol, há muita gente que critica, que não nos dá o devido valor. Mas ainda assim já se nota uma evolução, há muitas pessoas que acham engraçado e quando nos vêm em campo ficam admirados e acabam por nos elogiar, e isso é bastante gratificante.

Sindicato - O que é que falta ao futebol feminino para saltar para um novo patamar?

Filipa Galvão - Falta essencialmente mais apoios, mais visibilidade. Ainda assim já se nota melhoras como por exemplo o final da taça o ano passado ter sido pela primeira vez realizado no Jamor, tendo alguma atenção por parte da comunicação social.

Sindicato - Acha que algum dia haverá um campeonato profissional de futebol feminino em Portugal?

Filipa Galvão - Gostaria de acreditar que sim, mas sinceramente não acredito que isso venha a acontecer, pelo menos num futuro próximo. Nota-se um grande atraso relativamente aos outros países. Uma mulher portuguesa que queira fazer do futebol a sua profissão, terá de se deslocar para outro país, como já acontece com várias jogadoras.

Sindicato - É estudante de enfermagem. Consegue conciliar as duas coisas?

Filipa Galvão - Com força de vontade e empenho tudo se consegue. Claro que por vezes é complicado devido à carga horária, muitas vezes chego a casa do treino, por volta da meia-noite, e no outro dia às 6 e meia da manhã já tenho de estar de pé para ir para a universidade. Quando se gosta, tudo se consegue.

Sindicato - No futebol feminino, vive-se ou sobrevive-se?

Filipa Galvão - Vive-se pelo amor à modalidade mas também se sobrevive e muito com as suas dificuldades e carências em alguns aspectos.

Sindicato - Alguma vez pensou desistir do futebol?

Filipa Galvão - Nunca me ocorreu tal coisa porque vou conseguido conciliar. Mas se um dia deixar de conseguir fazê-lo, se interferir com os estudos ou posteriormente com a vida profissional, por muito que me custe vou ter de fazê-lo.

Sindicato - O melhor e o pior momento da sua carreira?

Filipa Galvão - O melhor momento foi a primeira vez que representei a Selecção Nacional , e o pior talvez tenha sido na época passada que apenas nos bastava um empate para passar a próxima fase da Liga dos Campeões e acabamos por perder 1-0 contra o Brondby.

Sindicato - E o maior sonho é?

Filipa Galvão - A nível pessoal acabar o curso. A nível desportivo ir mais longe na Liga dos Campeões e voltar a representar a selecção nacional.