“O meu maior sonho é ser jogadora profissional”
Com o apoio da família, embora a mãe torça um pouco o nariz, Joana Rosa concilia a profissão de professora de natação com o futebol que considera ser “uma grande paixão”.
Sindicato - Como e quando começou o gosto por jogar futebol?
Joana Rosa - Começou quando era pequena e brincava na rua com os rapazes. Desde aí comecei a ganhar o gosto e o jeito.
Sindicato - Como é que é ser mulher num desporto dominado por homens?
Joana Rosa - É complicado. As pessoas não aceitam o facto de as mulheres também gostarem de jogar futebol. Têm uma mentalidade muito fechada, o que depois se revela nos jogos quando não temos mais de 10 pessoas a assistir aos jogos, o que se torna um pouco desmotivante. É difícil termos patrocinadores e por vezes temos que ser nós próprias a comprar o material (fatos de treino e equipamentos).
Sindicato - E a família e os amigos, o que dizem?
Joana Rosa - A minha mãe nunca gostou do facto de eu jogar à bola e nunca me facilitou as coisas. Foi uma tarefa difícil conseguir jogar num clube e viajar pela selecção nacional. O meu pai e os meus irmãos sempre me apoiaram e deram força o mesmo se sucedeu com os amigos.
Sindicato - O que é que falta ao futebol feminino para saltar para um novo patamar?
Joana Rosa - Passa muito pela abertura de mentalidades, pelo apoio dos grandes clubes como por exemplo o Benfica, o Sporting e o FC Porto, em criarem equipas femininas. Isso seria um grande passo.
Sindicato - E dá para viver do futebol feminino?
Joana Rosa - Vive-se grandes momentos e sobrevive-se porque existem poucas equipas, as que existem não têm muitas condições, por vezes ficam bastante longe das nossas casas e, como já referi antes, há uma grande falta de apoios e de dinheiro.
Sindicato - É também professora de natação. É fácil conciliar as duas actividades?
Joana Rosa – É bastante difícil conciliar os treinos com os meus horários na piscina. Durante a semana chegava sempre atrasada aos treinos e não só. Por vezes, tenho de faltar um dia porque saio muito tarde da piscina e os treinos não são lá muito perto.
Sindicato - Acha que se houvesse mulheres nos centros de decisão do futebol quer a nível nacional, quer a nível internacional, tudo seria mais pacífico?
Joana Rosa – Sim, acho que seria mais pacífico e ajudaria muito. Seriam mais pessoas a puxar pelo mesmo barco.
Sindicato - E o seu maior sonho é?
Joana Rosa - O meu maior sonho era ter uma carreira no futebol. Ser jogadora profissional e ser umas das melhores “médias” de Portugal.
Sindicato - Como tem visto a actuação do Sindicato em relação aos problemas que acontecem no futebol?
Joana Rosa - No meu ver acho queestão a fazer um bom trabalho e a ajudar na divulgação do futebol feminino e, desde já, quero agradecer a toda a vossa equipa de trabalho pela vossa dedicação e esforço.