“Vejo a ida para o Irão como um desafio”
Aos 26 anos João Vilela trocou Portugal pelo Irão e assinou pelo Tractor. No Médio Oriente espera conquistar títulos.
Assinou por duas épocas com o Tractor, do Irão. Quais são as suas expectativas?
A transferência acabou por ser uma surpresa já que pretendia continuar no Gil Vicente até que me foi apresentada uma boa proposta, tanto a nível financeiro como desportivo, alicerçada num projecto muito interessante. O objectivo passa por ser pela primeira vez campeão do Irão – na última época o Tractor ficou em segundo – e fazer uma boa figura na Liga dos Campeões Asiáticos. Posso acrescentar que é um clube com 30 milhões de adeptos e que leva sempre muita gente aos estádios. Espero jogar e ganhar títulos.
O facto do Tractor ter outros portugueses no plantel, casos de Anselmo e Flávio Paixão, para além do treinador Toni, facilitará a sua adaptação?
Acredito que sim porque sozinho dificilmente iria conseguir. Ter jogadores e uma equipa técnica portuguesa irá fazer com que a minha adaptação ao país e ao próprio campeonato seja mais rápido. Nos momentos de maior dificuldade iremos com certeza ajudar-nos uns aos outros.
A ida para o Irão surgiu como um desafio ou uma necessidade?
Vejo-a mais como um desafio. Diferente do que é mais comum, num país diferente e acredito que será bom para mim.
Na última época, ao serviço do Gil Vicente, esteve lesionado durante sete meses. Não deve ter sido fácil…
Foi complicado porque tinha acabado de regressar à I Liga – tinha o objectivo de voltar a jogar nesta divisão – e lesionei-me logo nos primeiros jogos. Fiquei parado sete meses mas felizmente consegui voltar a jogar e ajudar a equipa a conseguir a manutenção. Tive ainda a alegria de jogar a final da Taça da Liga frente ao Benfica, um clube que me marcou.
Por falar em Benfica… formou-se no clube encarnado e ali se manteve du durante 14 anos. Que recordações guarda desses tempos?
Os primeiros pontapés na bola foram dados no Benfica, clube onde estive em todos os escalões até chegar à equipa B. Porém, a primeira equipa onde joguei foi o Damaiense. Tinha então oito anos e não podia competir pelo Benfica. Nessa altura e dado um acordo entre os clubes participei num campeonato distrital em Lisboa. Depois continuei a subir nos escalões até chegar à equipa B do Benfica. Fiz ainda algumas pré-épocas e treinos na equipa principal mas infelizmente não cheguei a realizar nenhum jogo oficial. Apesar disso foi com um enorme orgulho que representei aquele clube.
Em 2005 foi emprestado ao Gil Vicente. Essa época revelou-se muito atípica dado que conseguiu ajudar o clube a assegurar a manutenção naI Divisão mas o Caso Mateus relegou o clube para a II Divisão.
Foram seis meses bem passados, tudo correu bem. Conseguimos a manutenção e estreei-me na I Divisão, um sonho que perseguia. Depois rescindi com o Benfica porque tinha um contrato de três anos à minha espera no Gil Vicente. Surgiu então o caso Mateus o que considero ter sido uma facada gigante no clube e para a minha carreira porque tinha um contrato assinado com um clube da I Liga e depois jogámos na II Liga. Foram tempos complicados porque o clube esteve para fechar mas conseguimos dar a volta e na época seguinte só não conseguimos a subida por um ponto.
Depois de três anos ao serviço do Gil Vicente foi jogar para o Fátima (II Liga), um clube que se estreava nas competições profissionais.
O treinador Rui Vitória já me conhecia e num encontro casual perguntou-me se eu estava disponível, falou-me do projecto, do clube e acabei por aceitar. Foi uma boa época até porque estava mais próximo de casa, da família, depois três anos passados no Norte do País. Foi uma época importante porque joguei num clube cumpridor. A nível pessoal correu bem e ajudei o clube a cumprir os objectivos já que ficamos no oitavo lugar. Posso dizer que foi uma boa passagem da minha vida.
Depois voltou ao Gil Vicente.
Foi fantástico. O mister Paulo Alves voltou a contactar-me e a apostar em mim, algo que eu agradeço. Consegui ser campeão da II Liga e subir de divisão para além de jogar a final da Taça da Liga. Posso dizer que foi um regresso fantástico.
O Euro 2012 terminou há pouco tempo. Como viu a prestação de Portugal?
Acompanhei quase todos os jogos da nossa selecção e senti um grande orgulho naquilo que fizemos. Conheço mais de metade dos 23 jogadores convocados para o Euro e sabia da sua qualidade. Por isso estava confiante numa boa campanha, apesar de termos ficado num grupo muito complicado. Depois infelizmente calhou-nos a Espanha – que a meu ver é a melhor selecção do mundo – que ganhou nos pormenores. Já no Mundial 2010 tinha acontecido algo idêntico. Em suma, penso que estão todos de parabéns e mais uma vez o futebol deu uma alegria aos portugueses que bem precisam, nesta fase difícil que atravessamos.
Em relação ao Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), como tem visto a sua intervenção no futebol?
Sou sócio há vários anos e felizmente nunca precisei dos seus serviços mas sei, por intermédio de amigos que estão no estrangeiro e não só, que o Sindicato é uma grande ajuda. Depois há que elogiar também o trabalho e apoio do SJPF junto dos jogadores desempregados. Espero que o Sindicato continue assim, a defender os interesses dos jogadores porque a situação no nosso futebol está a ficar complicada.