Não esqueças o meu nome

Ficou na história do futebol português pelo modo guerreiro como disputava todos os lances. Limitado tecnicamente no início da sua carreira, evoluiu, e de que maneira, com o passar dos anos. Época após época conquistou o estatuto de líder e de grande capitão.
Oceano Andrade da Cruz começou a sua carreira no Almada, aos 14 anos. Manteve-se no clube almadense até ao primeiro ano de sénior. Depois, transitou para o Pescadores da Costa de Caparica e, um ano, depois para o Odivelas, então na II Divisão. Na época seguinte ingressou no Nacional da Madeira. Uma temporada nos insulares bastou para chegar ao Sporting, pela mão de Pedro Gomes (seu treinador no Nacional e que foi para Alvalade para adjunto de John Toshack).
Pegou de estaca no clube leonino (um mês depois de ali chegar foi convocado para a Selecção Nacional) e ali permaneceu durante sete épocas. Adorado pela plateia sportinguista, Oceano dava tudo em campo. Porém, durante este período apenas conquistou uma Supertaça Cândido de Oliveira (1986/87).
Em 1991, juntamente com Carlos Xavier, deixou o Sporting e transferiu-se para a Real Sociedad, de Espanha. Jogou três épocas no clube de San Sebastian e chegou a capitanear a equipa basca. Ficou para a história do clube como o jogador que marcou o último golo no Estádio de Atocha, entretanto demolido. Jogou na Real Sociedad durante três épocas. Em 1994/95, voltou ao Sporting. Jogou no clube leonino durante mais quatro temporadas (ganhou uma Taça de Portugal em 1994/95). Saiu de Alvalade magoado (queriam forçá-lo a acabar a carreira) e transferiu-se para os franceses do Toulouse, onde jogou durante um ano. Em 1999, com 37 anos, pendurou as botas. Diz que a maior tristeza da sua carreira foi não ter terminado a carreira no Sporting.
Portugal.
Oceano registou a sua primeira internacionalização a 30 de Janeiro de 1985, frente à Estónia. Quando partiu para Espanha tinha apenas nove das 54 internacionalizações que viria a somar até ao final da sua carreira. A emigração valeu-lhe em definitivo um lugar na equipa das Quinas e foi presença assídua até Abril de 1998. Despediu-se da Selecção Nacional a 20 de Abril, de 1998, frente à Inglaterra (0-3). Com a camisola de Portugal marcou oito golos. Participou ainda na fase final do Campeonato da Europa de 1996, disputado em Inglaterra.
Fora dos relvados. Quando deixou de jogar, em 1999, Oceano esteve durante dois anos a descansar e a desanuviar do mundo do futebol. Regressou então para comentarista de algumas estações de televisão e a escrever para alguns jornais. Foi ainda consultor de uma empresa inglesa para a qual dava a sua opinião, como perito, sobre o talento e a qualidade de jogadores de todo o Mundo. Posteriormente, montou com Dimas (também ex-internacional português) uma empresa de gestão de carreiras de jogadores e de organização de eventos desportivos.
Em várias ocasiões esteve perto de regressar ao Sporting mas, segundo o próprio, os processos nunca foram bem conduzidos. Até que há bem pouco tempo voltou ao futebol activo pela mão de Carlos Queiroz. O novo seleccionador nacional escolheu Oceano para integrar a equipa técnica. A sua principal missão é observar as equipas adversárias de Portugal. O regresso que se saúda e que se espera que seja por muito tempo.