“É interessante ser mulher num desporto dominado por homens”
Laura Luís, avançada de 20 anos, marcou o último golo de bola corrida de Portugal (frente ao País de Gales) na mais recente edição da Algarve Cup.
Atual jogadora do Marítimo e estudante do segundo ano do curso de Educação Física e Desporto na Universidade da Madeira, Laura apaixonou-se pelo futebol desde tenra idade. “O gosto pela modalidade surgiu muito cedo por influência do meu avô e dos meus primos” conta Laura Luís à revista Jogadores. Federada desde os nove anos, a jovem começou a levar o futebol feminino mais a sério após as chamadas à seleção. “Começou a ser uma ambição chegar ao mais alto nível e jogar com as melhores”, explica acrescentando que sempre sentiu o apoio da família para praticar futebol. Laura considera ser “interessante” ser mulher num desporto dominado por homens e diz que “o facto de ter de ultrapassar algumas provocações desse género só nos faz crescer e querer mostrar o contrário”.
No futebol masculino elege Deco e Moutinho, “pela simplicidade e humildade”, e Cristiano Ronaldo, “por ser madeirense e o melhor do mundo”. Já na vertente feminina diz que todas as suas colegas são como ídolos. “Sei que posso aprender muito com elas”, afirma.
Já passou por duas experiências além-fronteiras, mais propriamente nos Estados Unidos da América. “O Nuno Ferreira, um português emigrado nos EUA, perguntou-me se eu queria estudar e jogar nos EUA e foi assim que alinhei pela formação pela Universidade do Texas em Brownsville. Mais tarde fui para o Santa Clarita Blue Heat. Estava referenciada, o presidente do clube falou comigo e aceitei o convite.”
Laura ficou assim a conhecer a realidade do futebol feminino nos dois países. “A componente física é, sem dúvida, a grande diferença e relativamente a recursos humanos e materiais também existe uma enorme distância entre os EUA e Portugal”, adianta. Talvez por esta discrepância, a jogadora revela vontade em voltar a emigrar. “Neste momento pretendo acabar a minha Licenciatura em Desporto, mas há grande vontade de jogar fora de Portugal, em ligas muito mais competitivas – Espanha, Alemanha ou EUA – que me permitam evoluir como jogadora e pessoa”, revela.
Para a modalidade evoluir em Portugal, Laura aponta dois caminhos: “Em primeiro lugar é preciso apostar na formação para conseguirmos ‘bons frutos’ no futuro e, em segundo, a aposta dos clubes grandes no futebol feminino seria outra mais-valia para a modalidade crescer”.
Sonha ajudar Portugal a marcar presença numa fase final de um Campeonato da Europa e elogia a atuação do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) no futebol português. “Tem tido um papel extraordinário, pois ajuda as jogadoras e os jogadores nos seus possíveis problemas, atuais e futuros. Saber que podemos contar com o seu apoio é fundamental para termos confiança em nós e naquilo que fazemos e decidimos”, explica.
Por fim, destaca a nomeação de Carla Couto por parte do SJPF para embaixadora do futebol feminino. “É um grande reconhecimento daquilo que fez por esta modalidade e pela nossa Seleção e por tudo o que ainda pode fazer para além das quatro linhas, como referência do futebol feminino em Portugal.”
B.I.:
Nome: Laura Luís
Nacionalidade: Portuguesa
Naturalidade: Funchal
Idade: 20 anos
Altura: 1,59 m
Peso: 61 kg
Posição: Médio Ofensivo ou avançada
Clubes onde já jogou: CF Andorinha, CS Marítimo, University of Texas at Brownsville, Santa Clarita Blue Heat e CS Marítimo.