Não esqueças o meu nome

Compensava a sua sua baixa estatura (1,59 metros) com uma rapidez e técnica fora do comum. Ficará para sempre na história do FC Porto e do futebol português pelo golo que marcou ao Ajax, em Amesterdão, na primeira-mão da Supertaça Europeia de 1988. Isolado por Fernando Gomes, Rui Barros surgiu, qual "Speedy Gonzalez", na cara do guarda-redes Menzo, evitou-o, e marcou o golo da vitória portista (0-1). Sem surpresa, dias depois, assinou pela Juventus de Turim.
Rui Barros não teve uma vida fácil antes de atingir o estrelato. Nascido a 24 de Novembro de 1965, em Paredes, no seio de uma família de parcos recursos financeiros, cedo percebeu a necessidade de trabalhar para ajudar os seus. Uma característica que o acompanha ao longo da sua vida.
Começou a carreira desportiva no clube da terra, o Aliados de Lordelo. Foi juvenil do Rebordosa e júnior no Paços de Ferreira. Ainda neste escalão ingressou no FC Porto. No momento de passar a sénior, em 1984/85, Artur Jorge decidiu que era melhor que Rui Barros fosse emprestado para ganhar rodagem. E assim foi. O "pequeno" jogador rumou para o Sporting da Covilhã, da II Divisão. Quando se apresentou no clube serrano, os dirigentes do Covilhã torceram o nariz. Diziam que o FC Porto se tinha enganado e que tinham enviado um juvenil. Mas Rui Barros depressa ultrapassou essa desconfiança.
Tornou-se numa das figuras da equipa e ajudou o Sporting da Covilhã a subir à I Divisão. Apesar disso, na época seguinte, voltou a ser cedido. Agora, ao Varzim. Na Póvoa ficou duas épocas, até 1987. Uma vez mais, esteve em grande nível e logo na primeira época ajudou a equipa a chegar ao principal escalão do futebol português. Já não havia dúvidas sobre o seu valor e os responsáveis portistas decidiram integrá-lo no plantel em 1987/88.
No FC Porto de Tomislav Ivic explodiu em definitivo e ganhou a Taça Intercontinental, a Supertaça Europeia, o campeonato nacional e a Taça de Portugal. Na temporada seguinte esteve na apresentação da equipa azul e branca mas, no dia seguinte, foi contratado pela Juventus.
Estrangeiro.
No clube de Turim passou a ganhar 80 mil contos por ano (salário, prémios e publicidade). Na primeira época ao serviço da "Vecchia Signora" marcou 15 golos e jogou ao lado de jogadores como Stefano Tacconi, Antonio Cabrini, Michael Laudrup, Aleksandr Zavarov, Altobelli, Pierluigi Casiraghi e Salvatore Schillaci, entre outros. Esteve duas épocas na Juventus e conquistou uma Taça de Itália e uma Taça UEFA.
Em 1990/91, saiu para o campeonato francês. Jogou três épocas no Mónaco e uma no Marselha. Pelo clube do principado venceu uma Taça de França e disputou a final da Taça das Taças, no Estádio da Luz, perdida para o Werder Bremen.
Regressou ao FC Porto em 1994/95. Em boa hora já que teve participação activa na conquista do pentacampeonato. Despediu-se dos relvados em 1999/00, com mais uma Taça de Portugal no bolso. Rui Barros foi figura assídua da selecção nacional entre 1987 e 1996. Somou 36 internacionalizações e marcou quatro golos.
Pendurou as botas mas o FC Porto - e bem - entendeu que não poderia desperdiçar tal capital humano. Rui Barros passou a desempenhar funções de observador de adversários e prospector de talentos para o clube portista. Entretanto, foi promovido à formação principal para ajudar o técnico italiano Del Neri. Este durou pouco no cargo mas Rui Barros ficou. Na época passada, ainda na pré-época, foi chamado para liderar provisoriamente a equipa após a demissão do holandês Co Adriaanse. No seu jeito humilde, levou o FC Porto a ganhar a Supertaça Cândido de Oliveira. Venceu e voltou para o seu lugar de adjunto. Onde se mantém. Sem problemas, como sempre.