“Sinto-me espetacular”


Aos 38 anos, ZÉ MANEL (ex-Boavista) ainda não está pronto para pendurar as botas.

Tem sido uma carreira de sonho – e não há fim à vista. Aos 38 anos, Zé Manel ainda não está pronto para pendurar as botas e, por isso mesmo, regressou às distritais. "Vim para o Caçadores das Taipas porque já cá tinha estado. É um clube com o qual simpatizo e é um prazer voltar para estar com as pessoas que sempre me acarinharam", revela. Regressa também para "dar um bocadinho mais de nome ao clube por tudo o que me deu no passado".

A chegada ao futebol profissional foi um acaso. "Eu não tenho camadas de formação", conta, "comecei a jogar do nada, na minha freguesia". Depois, "as coisas foram acontecendo, eu nunca tinha pensado em ser profissional, muito menos chegar à I Liga. Não tracei metas, fui trabalhando e as oportunidades foram surgindo", assume.

A verdade é que Zé Manel acabou por ser um jogador regular e de qualidade que marcou os últimos dez anos do futebol português. "Os anos no Paços de Ferreira e no Boavista foram os melhores que tive, mas no geral, a imagem que deixei no futebol é muito boa", observa.

Ao todo, são quase 300 jogos na I Liga. É difícil eleger os melhores mas Zé Manel relembra o primeiro jogo de 2006/2007. "Foi em Alvalade, estava eu no Boavista. Infelizmente, o resultado foi péssimo, perdemos 3-2, mas eu fiz dois grandes golos", acrescenta. No mesmo ano, outro bom jogo: frente ao FC Porto, no Bessa, marcou um bom golo.

Agora, regressado ao Caçadores das Taipas, equipa distrital da AF de Braga, Zé Manel constata que "não há muitas diferenças", com exceção de "um sintético de apoio aos treinos e mais camadas jovens". Os treinos continuam a ser apenas ao final do dia, como é normal naquele escalão. Ainda assim, "o trabalho é muito idêntico ao que se faz na Primeira e Segunda Ligas. é só por dizer que não há tempo disponível para treinar jogadas, livres e outras situações táticas", admite.

Quanto aos colegas de equipa, Zé Manel não sabe se olham para ele como um exemplo a seguir, mas vê ali muito potencial. "Posso dizer que há ali jogadores com qualidade para jogar nos escalões principais", garante.

Terminar a carreira ainda não está nos planos de Zé Manel. "É como se costuma dizer: quanto mais velho melhor", diz, bem-disposto, "já estou a caminho dos 39 mas sinto-me espetacular. Tenho uma vontade excecional de correr, de trabalhar e de fazer as coisas de melhor forma que nunca. Não corro como há cinco anos, mas quando não se ganha no pulmão, ganha-se na ratice". A verdade é esta: "se me sentir no final da época como estou hoje, vou perguntar aos responsáveis do clube se contam comigo. Se disserem que não, vou procurar outro clube onde jogar que, quase de certeza, não terei problemas em encontrar".

Quanto à carreira de treinador, é uma possibilidade mas não uma prioridade. "Pela minha iniciativa, não me estou a ver a treinar", assume, "mas se surgir oportunidade, certamente que falo com as pessoas e analiso se valerá a pena entrar por essa via. Assim como não estava obcecado por jogar na I Liga, também não estou obcecado por ser treinador".