Primeira formação de árbitros para jogadores esta sexta-feira
Campus do Jogador recebe curso inovador que resulta de um protocolo entre o Sindicato e o CA da FPF.
A carreira de futebolista termina, em média, aos 35 anos. A de árbitro aos 45. A separá-las estão dez anos, nos quais os jogadores podem aproveitar para dar continuidade à sua atividade desportiva, mas noutras funções.
Embora não seja muito comum, é possível que os jogadores se tornem árbitros, quando penduram as chuteiras. Como? Através do protocolo recentemente celebrado entre o Sindicato dos Jogadores e o Conselho de Arbitragem da FPF.
A 19 de maio deste ano, as duas entidades celebraram um acordo com o objetivo de possibilitar aos jogadores o acesso direto à carreira de árbitro.
Numa formação intensiva de 20 horas, em apenas quatro dias, os jogadores ou ex-jogadores federados poderão dar o primeiro passo para, quando assim o entenderem, iniciarem uma carreira na arbitragem.
Três meses depois da assinatura do protocolo, o curso de arbitragem para jogadores torna-se realidade: esta sexta-feira vai decorrer a primeira de quatro sessões no Campus do Jogador, em Odivelas, ministradas a perto de 20 futebolistas que vão ter o primeiro contacto direto com a função de árbitro.
No mundo do futebol são raros os casos de futebolistas que seguiram o caminho da arbitragem, mas os poucos que existem são impactantes. Szymon Marciniak, por exemplo, apitou a final do Mundial 2022, entre a França e Argentina, mas antes de se tornar árbitro de primeira categoria em 2009, foi jogador de futebol, na segunda divisão da Polónia, ao serviço do Wisla Plock.
E a forma como iniciou a carreira na arbitragem não deixa de ser interessante. Depois de ter sido expulso num jogo, ainda nos escalões de formação, Marciniak dirigiu-se ao árbitro, que lhe disse: ‘se achas que este é um trabalho fácil, vai lá e tenta’. Tentou, gostou e ficou. Mas não é caso único.
Atualmente vivemos na época das novas tecnologias e do videoárbitro, mas há dois séculos, na década de 1880, dois jogadores ingleses decidiram que, afinal, o que queriam mesmo era serem árbitros. Sam Black e Herbert Dale jogavam no Newton Heath, o clube que viria a tornar-se no Manchester United, e trocaram a bola de futebol pelo apito.
Outro "juiz" de topo no futebol internacional, o neerlandês Dick Jol, que esteve na final da Liga dos Campeões em 2001, jogou no NEC Nijmegen antes de se dedicar a zelar pelas leis de jogo. Afinal, é possível ter uma carreira sólida como jogador e chegar ao topo como árbitro.
O dia 11 de agosto terá sempre um cunho pioneiro para o futebol português. Pela primeira vez, jogadores federados, a maior parte deles sem clube e a participar atualmente no 21.º Estágio do Jogador, vão iniciar uma formação em arbitragem. Um passo fundamental para o reforço do quadro de árbitros no nosso país e mais uma opção válida de uma atividade ligada ao desporto mais popular em todo o mundo.
O futuro é agora.



