Opinião: "O dia 10 de outubro e a importância da saúde mental"
Presidente do Sindicato dos Jogadores sobre a importância da Saúde Mental.
Os problemas que afetam a saúde e bem-estar psicológico são inimigos silenciosos dos jogadores de futebol, manifestando-se em qualquer momento da carreira e independentemente da idade, condição financeira ou estatuto social. Consciente deste facto, o Sindicato dos Jogadores tem procurado alertar para os principais fatores de risco, que a nossa investigação sumarizou em onze áreas essenciais: as lesões e doença prolongada, enquanto situações imprevistas que alteram por completo os hábitos e rotinas dos atletas, a mobilidade constante e o desemprego, mais uma vez relacionadas a uma certa instabilidade constante, os problemas jurídico-laborais, marcados por todos os conflitos e vicissitudes que decorrem na vigência dos contratos de trabalho, a performance e quebra de rendimento, motivada por inúmeros fatores internos e externos, a pressão parar obtenção de resultados, os fenómenos ilícitos como o match fixing, a transição de carreira e os desafios que representa para a reorganização pessoal, profissional e familiar dos atletas, o problema das dependências como o jogo, álcool ou tabaco, a instabilidade no seio familiar provocada pelo divórcio, ou os investimentos financeiros ruinosos e consequente endividamento.
Finalmente, os atos de assédio, violência física ou verbal, discriminação e ódio, que tantas vezes ocorrem no futebol. Uma multiplicidade de situações que nos obriga a refletir e criar ferramentas para que, desde a sua formação, os jogadores saibam que existe resposta especializada à qual podem recorrer, atuando não apenas para tratar um problema, mas de forma preventiva enquanto garantia de saúde e bem-estar.
Entretanto, novos fenómenos como a sobrecarga competitiva ou as condições de treino e jogo adversas, provocadas por fenómenos climatérios extremos, prometem exigir uma reflexão constante sobre o suporte que continuamente tem de ser dado. Para todos os jogadores, em especial os que não conseguem ter o devido apoio, quer pelas estruturas técnicas dos seus clubes não estarem preparadas quer por motivos financeiros, mantemos em articulação com a Ordem dos Psicólogos Portugueses uma bolsa a que aderiram mais de quatrocentos profissionais, custeando as primeiras quatro consultas.
A experiência do sindicato é que o grau de confidencialidade e celeridade no apoio que tem sido prestado aos jogadores dá a confiança suficiente para difundir um serviço que consideramos essencial. Para que ninguém sofra em silêncio, lembramos a cada 10 de outubro que com a saúde mental não se brinca.



