Opinião: "Lusofonia e futebol feminino: áreas de futuro"


Presidente do Sindicato dos Jogadores reforça preocupações relativas à imigração no futebol.

No artigo de opinião desta semana, publicado no Record, o presidente do Sindicato dos Jogadores, Joaquim Evangelista, fala sobre imigração no futebol, a Gala das Campeãs e o arranque especial da Liga das Nações, marcado pela homenagem a Pepe e pelos 900 golos de Cristiano Ronaldo:

"Discutimos durante semanas a fio as dificuldades criadas ao sistema de registos de jogadores, com a obrigatoriedade de emissão do visto de trabalho a tempo do fecho da janela de transferências. Foi público que alguns atletas com oportunidades no nosso mercado ficaram pelo caminho, mas muitos outros, nos vários escalões competitivos, integram a longa lista de espera da AIMA e aguardam pela conclusão do seu processo de legalização.

Deparamo-nos, ainda, com múltiplos casos de jogadores vítimas de esquemas de tráfico, auxílio à imigração ilegal e burla que, mesmo depois de algum impacto mediático dos seus casos, aguardam por inquéritos judiciais longos e inconsequentes.

Nada é uma prioridade no setor da imigração, nem a ação preventiva, nem a celeridade nos processos de legalização, nem tão pouco a proteção de direitos fundamentais, através da ação penal. Indo para além das discussões habituais e focando-me no principal fluxo de jogadores, proveniente de países lusófonos, considero que existe um potencial imenso por explorar na cooperação institucional, partilha de informação e intercâmbio com instituições desportivas e governamentais destes países. Temos recursos suficientes para desenvolver projetos que sejam inovadores e garantam uma verdadeira articulação entre os países, para prevenir muitos dos problemas na sua origem. Temos também o dever de fortalecer a comunidade lusófona, com vantagens sociais, culturais, desportivas e económicas.

No próximo dia 10 de setembro será realizada a segunda Gala das Campeãs. O Sindicato dos Jogadores associa-se, uma vez mais, a esta excelente iniciativa do Record para promover o futebol e o futsal no feminino. Recordo-me do esquecimento a que o futebol feminino foi remetido durante anos e valorizo muito eventos como este, que prestarem homenagem a pessoas que nunca desistiram. Faço, por isso, questão de recordar que as jogadoras merecem e precisam de melhores condições laborais, desportivas e infraestruturais no nosso país. Os bons exemplos devem ser enaltecidos. A nova direção do FC Porto apostou na criação de um projeto para o futebol feminino que já surpreende pela capacidade de atrair adeptos. Num ambiente genuíno e familiar, a adesão ao jogo de apresentação garantiu mais do que um recorde de assistência. Deu um sinal claro de que o futebol feminino pode reforçar a ligação dos clubes à sua própria comunidade.

“Last but not least” , a Liga das Nações arrancou com um jogo muito especial. Da homenagem aos 141 jogos de Pepe e à sua fantástica carreira, cujo legado será preservado como embaixador da seleção nacional, aos inimagináveis 900 golos na carreira, alcançados pelo nosso capitão Cristiano Ronaldo. Só temos a agradecer a forma como mantém viva a vontade de vencer, reforçada pela paixão incondicional com que representa o nosso país."

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