"Apesar do muito que foi feito, existe margem para ir mais além"
Leia o discurso do presidente do Sindicato dos Jogadores na Gala das Campeãs.
O jornal Record organizou esta terça-feira, 10 de setembro, a segunda edição da Gala das Campeãs, que premiou e reconheceu o mérito das jogadoras de futebol e futsal em 2024 e à qual o Sindicato dos Jogadores se associou.
Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores, esteve na cerimónia, que se realizou no Casino Estoril, e discursou aos presentes. Leia a mensagem na íntegra:
"Permitam-me por começar um cumprimento às jogadoras presentes.
Dar os parabéns à Kika e ao pai. Ver as famílias à volta do futebol feminino é muito importante para o país, como aconteceu no Estádio do Dragão. Uma palavra de gratidão ao jornal Record, na pessoa de Bernardo Ribeiro.
O Sindicato dos Jogadores apoiará sempre esta iniciativa que é de celebração, empoderamento e reconhecimento do mérito desportivo das jogadoras de futebol e futsal em Portugal.
Destacar também o trabalho dos clubes e das instituições, não podendo deixar de falar de Fernando Gomes e da Mónia Jorge, enquanto rostos do trabalho da Federação Portuguesa de Futebol no investimento. O sucesso das jogadoras, digo-o com convicção, deve-se ao empenho do presidente da FPF.
É legítimo dizer que, apesar do muito que foi feito, existe margem para ir mais além. Ainda existem projetos como mera bandeira política, deixando por concretizar muitas das suas ambições, a aposta deve ser genuína.
A aposta no desporto feminino deve ser genuína, efetiva e disposta a abordar os problemas que subsistem, ao invés de os menorizar e empurrar para debaixo do tapete.
Falta-nos investimento nas infraestruturas e na qualidade do espetáculo desportivo, falta-nos reduzir as muitas assimetrias ao nível das condições de trabalho e prática desportiva das jogadoras, falta-nos um consenso alargado e definitivo para a criação de regras que assegurem condições de trabalho dignas para todas, apoio ao bem-estar físico e psicológico das atletas, auxílio à sua transição de carreira, de preferência capacitando-as para fazerem parte do ecossistema desportivo.
Para que se a importância de um Acordo Coletivo de Trabalho para o futebol feminino, não apenas pelas condições que as jogadoras precisam, mas também pela igualdade de tratamento entre os clubes dentro da mesma competição.
O Sindicato dos Jogadores não deixará cair esta questão. Apelo às jogadoras para que sejam ativas. Acredito que mais clubes irão arranjar formas de potenciar o futebol feminino, como o FC Porto fez. Saibamos debater as diferenças, combater o nanismo.
Termino, reiterando o apoio às jogadoras para que lutem pelo essencial. O essencial é garantir a todas em igualdade de circunstâncias um contrato de trabalho.
Uma nota para as mulheres com quem tenho a honra de trabalhar no Sindicato dos Jogadores. Uma notícia, Matilde Fidalgo iniciou o trabalho no Sindicato para lutar pelas jogadoras."



