Opinião: “Eleições 2025: e agora?”


Presidente do Sindicato dos Jogadores e o quadro político resultante das Legislativas.

No artigo de opinião desta semana, publicado no jornal Record, o presidente do Sindicato dos Jogadores, Joaquim Evangelista, analisa o quadro político resultante das Eleições Legislativas e a importância dada ao desporto no programa dos partidos:

"O ano de 2025 será lembrado pelos atos eleitorais. Depois de várias organizações desportivas, o resultado eleitoral do país gerou surpresas apenas para os que andam mais distraídos. A viragem no sentido de voto dos portugueses e aparente mudança de paradigma deixa em alerta os partidos do chamado arco da governação.

Penaliza os líderes que, à margem do seu programa, experiência ou validação pelos pares se esqueceram de trabalhar com adesão à realidade, para todos, dos grandes centros urbanos às periferias, no retrato de um país com profundas desigualdades e demasiada especulação. Torna-se fundamental no atual quadro político, social e económico demonstrar que não pode valer tudo. É cada vez mais difícil escrutinar factos e combater uma onda de desinformação, populismo e protesto que, por agora, parece ter chegado para ficar.

Nesta campanha eleitoral, o desporto não teve qualquer espaço para além de algumas propostas ocas nos programas dos partidos. Não surpreende, considerando a imensidão de temas essenciais para a vida das pessoas que foram atropelados pela futilidade do combate político. Ainda acredito que com independência, humildade e capacidade de agregação é possível desconstruir as narrativas que dão por perdida a causa da democracia, sendo essencial que os líderes políticos saibam ler estes sinais e contribuam para unir o país, nos temas que são verdadeiramente essenciais. 

E já agora, que o desporto não pare de fazer milagres com os escassos recursos que tem, sendo escola de valores, inclusão e elevador social, o que permite deixar as rivalidades em jogo e unir nacionais e estrangeiros, desfavorecidos e privilegiados, homens e mulheres, à margem da imensidão de conflitos que emergem numa sociedade que não está preparada para discutir além da espuma dos dias, por exemplo, sobre o impacto das alterações climáticas e as ameaças à segurança mundial, que precipitam o mundo para o abismo. 

Quero, ainda, associar-me à luta corajosa dos colegas da TPFD, Sindicato dos Jogadores da Turquia, que perante a total desproteção das condições laborais dos jogadores nas divisões inferiores e uma nova regra federativa que limita a composição das equipas em função da idade, atirando para o desemprego centenas de futebolistas, saiu à rua. Um protesto justo, contra o autoritarismo de uma Federação que entende poder tomar decisões desta dimensão sem envolver os jogadores no processo.

Por fim, uma homenagem à memória do João Lucas, na véspera de completarmos a primeira década após a sua partida. Um dos melhores que conheci e que lembrarei, com enorme respeito e amizade, para sempre."

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