Na defesa dos jogadores
FIFPRO unida contra o modelo de governação autocrático da FIFA.
Esta sexta-feira, 25 de julho, 60 sindicatos membros da FIFPRO reuniram na sede do organismo em Hoofddorp, Países Baixos, para uma reunião estratégica sobre o futuro das relações institucionais com a FIFA.
Após um Mundial de Clubes organizado sem qualquer diálogo ou concertação com os representantes dos jogadores, para a organização representativa dos futebolistas a nível internacional são claras as preocupações com o modelo de governação autocrático adotado pela FIFA, que coloca a saúde e o bem-estar dos jogadores em risco, sobrepondo as necessidades dos protagonistas aos interesses comerciais.
A má gestão dos calendários internacionais e os problemas causados pela fadiga e carga excessiva a que são submetidos os jogadores, somada à realização das provas em condições climatéricas extremas, colocam em causa os seus direitos fundamentais. Ao mesmo tempo, o sistema apresenta enormes desequilíbrios, sem capacidade para combater problemas como a precariedade e o incumprimento salarial.
Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores e membro do Board mundial da FIFPRO, esteve presente nesta reunião histórica e reafirmou a urgência de um novo modelo de governação para o futebol mundial:
“Esta reunião serviu, em primeiro lugar, para afirmar a união entre os sindicatos membros da FIFPRO na legitimação dos nossos dirigentes para representar e defender os interesses das jogadoras e dos jogadores no plano internacional.
Isso significa que a FIFA não pode simplesmente ignorar uma organização legitimada e reconhecida democraticamente, só porque não gosta de ser confrontada para a resolução dos problemas.
É inaceitável que se continuem a ignorar direitos fundamentais e necessidades básicas dos jogadores, enquanto trabalhadores e seres humanos, e ao mesmo tempo se ignorem os problemas reais, que se verificam em diferentes partes do mundo. É muito fácil falar de números como os da receita gerada pelo Mundial de Clubes ou pela venda de bilhetes para o Mundial do próximo ano, mas mais difícil criar condições para que essas receitas possam ser canalizadas para resolver os problemas estruturais do futebol. O modelo de gestão comercial é importante, mas não se podem utilizar os números e as receitas para legitimar tudo, especialmente quando o presidente da FIFA decidiu que não precisa de falar com a FIFPRO.
É tempo de os jogadores, protagonistas sem os quais não existe futebol, mostrarem a sua união e exigirem respeito, justiça e solidariedade na gestão do futebol mundial.
A FIFPRO continuará a dar-lhes voz, a lutar contra a instrumentalização e injustiças, a promover a inclusão, a criação de mecanismos de solidariedade e respostas que tornem a indústria mais equilibrada e sustentável. Sem os jogadores não há futebol.”



