No artigo de opinião desta semana, publicado no jornal Record, o presidente do Sindicato dos Jogadores, Joaquim Evangelista, destaca a importância da união das federações e o papel de Portugal na União das Federações de Futebol de Língua Portuguesa:

"A Federação Portuguesa de Futebol restituiu ao projeto da União das Federações de Futebol de Língua Portuguesa (UFFLP) o merecido destaque, concluindo o processo de integração plena nesta organização. Corrige-se um problema de origem pelo facto da participação de Portugal e Brasil ter ficado em standby.

Não posso deixar de saudar a decisão estratégica da atual direção da FPF, numa temática que acompanho há vários anos e que diz muito a diferentes gerações de futebolistas. Depois do apoio à criação da Associação de Futebolistas em Angola, tive a oportunidade de testemunhar, em diferentes lugares, o respeito generalizado que a comunidade dos países de língua oficial portuguesa tem pelo caminho trilhado pelo nosso futebol, bem como o potencial que ainda existe por explorar.

Portugal deve reconhecer o quanto beneficiou com o recrutamento de talento lusófono e tem, além de múltiplos recursos, um capital humano e importante know-how que deve transmitir. Ganha todo o sistema, na capacitação de agentes desportivos e organizações para a prevenção de fenómenos historicamente complexos, como a exploração de menores, o auxílio à imigração ilegal, a falta de transparência, opacidade financeira e ausência de modelos de governação sustentáveis.

Esta união de federações pode ir muito além da vertente desportiva e, felizmente, a FPF passará a estar no centro das decisões que serão tomadas. Representa um conjunto de oportunidades para o desenvolvimento económico dos povos lusófonos e beneficiará os jovens atletas que procuram uma oportunidade transformadora nas suas vidas, dentro do elevador social que esta indústria consegue promover.

Numa altura em que vemos posta em causa a solidariedade e o respeito entre comunidades que partilham a identidade linguística e cultural, podem ser desenvolvidos projetos de intercâmbio, integração e inclusão social através do desporto, cumprindo o importante objetivo de combater a disseminação do ódio e das várias formas de discriminação.

A união atua num mercado gigantesco e tem a expectativa de promover uma ação governativa com impacto no terreno. Enquanto veículo político irá bater-se pela aproximação dos Estados Membros da Lusofonia, utilizando este elemento identitário que o futebol consegue dar.

Nota final para destacar mais uma passagem do Palmeiras, treinado pelo meu amigo Abel Ferreira, à final da Libertadores. Um exemplo maior daquilo que o talento, conhecimento, resiliência e trabalho árduo pode atingir."

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (02 de novembro de 2025)