Opinião: “FIFPRO: os 60 anos em Lisboa”


Presidente do Sindicato dos Jogadores antecipa o congresso mundial dos representantes dos futebolistas.

No artigo de opinião desta semana, publicado no jornal Record, o presidente do Sindicato dos Jogadores, Joaquim Evangelista, antevê a Assembleia-Geral mundial da FIFPRO, que se realiza em Lisboa entre os dias 18 e 20 de novembro:

"Após meses de trabalho intensivo arranca esta terça-feira, dia 18 de novembro, em Lisboa, a Assembleia-Geral ordinária da FIFPRO. Num encontro que contará com quase 200 delegados, provenientes dos quatro cantos do mundo, celebramos uma ocasião especial: os 60 anos da organização representativa dos futebolistas a nível mundial. Infelizmente, entre muitos outros temas relevantes e trabalho que é feito pelos sindicatos membros a nível local, o tema que marca a atualidade é o conflito aberto com a FIFA, na sua dimensão jurídica e institucional.

Sendo claro que a FIFPRO não pode aceitar ações que põem em causa a sua legitimidade e representatividade, amplamente reconhecida pela Comissão Europeia, a OIT, a União Global dos Trabalhadores e muitas outras instituições com as quais se relaciona, há sempre espaço para reencontrar a via do diálogo.

O caso Diarra deixou claro que ninguém tem o monopólio do futebol, ou pode agir unilateralmente. A FIFA abriu um precedente grave na história do relacionamento entre as duas organizações, mas nada é imutável se aquilo que estiver genuinamente em causa for o bem-estar e os direitos dos futebolistas, bem como a sustentabilidade e desenvolvimento do futebol. Por experiência pessoal, acredito que é possível sanar este conflito e estarei, como sempre, empenhado em ajudar.

Em Portugal, durante anos, presenciei a nível institucional um clima de ameaças, tentativas de instrumentalização e total desinteresse pela posição dos jogadores. O Sindicato dos Jogadores manteve-se firme nas suas convicções e foi sempre capaz de apresentar trabalho, equilibrando as reivindicações com a necessidade de concertação, para garantir algumas reformas estruturais. O quadro das relações institucionais com a Liga, a Federação e o Governo evoluiu muito. Apesar das muitas divergências, manifestadas e defendidas nos locais próprios, somos um bom exemplo de trabalho em conjunto e superação dos momentos de crise. 

Importa lembrar que durante a sua existência, a FIFPRO já contribuiu para momentos que representaram um salto de gigante para a vitalidade da indústria do futebol. Foi precisamente 30 anos após a sua fundação, a meio deste percurso de unidade e luta pelos direitos dos jogadores, que os membros fundadores tomaram a decisão de apoiar o caso Bosman. Garantindo a mais significativa revisão do quadro regulamentar da FIFA, na relação entre jogadores e clubes, apesar dos presságios de desmoronamento do sistema, ninguém hoje tem dúvidas de que foi uma luta justa e absolutamente necessária."

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