Opinião: “Rui Patrício, um dos nossos melhores“
Presidente do Sindicato dos Jogadores presta homenagem a Rui Patrício, que anunciou o fim da carreira, aos 37 anos.
No artigo de opinião desta semana, publicado no jornal Record, o presidente do Sindicato dos Jogadores, Joaquim Evangelista, presta homenagem a Rui Patrício, o guarda-redes com mais internacionalizações pela Seleção Nacional, que anunciou o fim da carreira, aos 37 anos.
Esta semana ficou marcada pela despedida oficial dos relvados pelo Rui Patrício, um dos nossos melhores.
A Cidade do Futebol, casa do futebol português, estava cheia com a família de sangue, indiscutivelmente o seu maior suporte, e com a família que construiu no futebol. Não esqueceu nas suas palavras os que queriam e não puderam estar e os que, já não estando connosco, marcaram o seu caminho. Uma das marcas indeléveis do Rui é que não carrega o peso de ser o guarda-redes mais internacional da história do futebol em Portugal e somar a 108 jogos pela nossa seleção dois títulos para os quais foi absolutamente fundamental, além de tudo o que conquistou nos clubes pelos quais passou.
Mantém o seu enorme coração, a mesma humildade e gratidão ao futebol que tinha quando dava os primeiros passos nos Marrazes. Pensa primeiro no coletivo e só depois no individual, antes de se referir a qualquer etapa importante da sua vida. Tive o privilégio de acompanhar o crescimento do Rui como homem e como jogador e digo, sem qualquer dúvida, que nos momentos mais difíceis da sua carreira, perante a tomada de decisões complexas, sobressaiu sempre o lado humano, o espírito de sacrifício e a vontade em ajudar os seus colegas. Quem o conhece, sabe que não deixa nada por dizer, tem um espírito reivindicativo e não tolera injustiças.
Foi por isso que na FIFPRO o escolhemos para integrar o primeiro Players Council, um órgão composto por jogadores no ativo que, em 2022, surgiu para ajudar na identificação dos problemas e prioridade de ação na defesa da classe. Todos na organização têm o maior carinho pelo Rui e pela forma como, apesar de fazer parte de um patamar de elite, no qual a prioridade tinha a ver com o tema da sobrecarga e o impacto na saúde física e mental, acreditava que os jogadores unidos podiam conseguir mudanças concretas, lembrando todos os colegas afetados pelo incumprimento salarial, a precariedade e a falta de segurança no exercício da sua profissão. Um guarda-redes talhado para defender dentro e fora de campo.
Enquanto presidente do Sindicato dos Jogadores e como amigo, só posso agradecer-lhe pela carreira brilhante que teve, a representação do país ao mais alto nível, as conquistas que ficarão para sempre na memória de quem ama este desporto e o apoio às causas dos jogadores, nas lutas mais difíceis, com enorme generosidade. Pendurou as luvas, terminou a carreira de futebolista, mas o futuro começa agora. Estarei ao teu lado para aquilo que vier a seguir. Obrigado por tudo, Rui Patrício.



