Opinião: "As causas de 2025"


Presidente do Sindicato dos Jogadores e os principais temas em discussão, no ano que está a terminar.

No último artigo de opinião de 2025, o presidente do Sindicato dos Jogadores, Joaquim Evangelista, destaca os principais temas que estiveram em discussão no ano que está a terminar e deixa um desejo para 2026: 

"Está a chegar ao fim um ano marcado por novos ciclos em diversas instituições do futebol português. Entre a ambição de promover mudanças que impactem positivamente todos os agentes desportivos e contribuam para um sistema mais justo e sustentável, temos esbarrado num ambiente de conflituosidade, com o tema da arbitragem a ocupar grande parte do espaço que deveria ser aproveitado para debater temas estruturais para o futuro.

Entre estes temas estão o processo de centralização dos direitos televisivos e as novas regras de financiamento para o desporto, que continuam a ficar na esfera de discussão de pequenos grupos de interesses. No plano internacional, 2025 consolidou os efeitos do caso Diarra, que deu espaço mediático a vários temas promovidos pela FIFPRO, relacionados com as condições laborais, saúde e bem-estar dos jogadores, mas também com o equilíbrio e sustentabilidade financeira do futebol a nível mundial.

O regulamento de transferências da FIFA, a organização dos calendários e gestão da sobrecarga competitiva, a proteção das carreiras e combate à precariedade laboral ou os desafios ao crescimento do futebol feminino fizeram parte de um caderno de reivindicações que mereciam ter sido trabalhadas através da concertação social. É o que se exige à luz do direito europeu. Não é, infelizmente, o que tem acontecido. Num ano em que o Sindicato dos Jogadores foi o anfitrião da assembleia-geral da FIFPRO, em Lisboa, os sindicatos membros desta organização reforçaram a mensagem de unidade na defesa dos direitos dos jogadores, com independência, rigor e confiança na legitimidade das posições assumidas.

A mensagem a deixar este ano é a de que, por mais difícil que seja o diálogo com consequências objetivas para a vida dos jogadores, temos de continuar a fazer o que nos compete, desenvolver projetos, suportar cientificamente as posições tomadas junto dos órgãos decisores e reivindicar questões elementares para a classe. Existem vários exemplos, como a fiscalidade associada às relações laborais desportivas, a proteção no desemprego, doença e reforma, recuperando as proteções exigíveis a uma profissão de desgaste rápido, a prevenção e resposta ao assédio laboral, que diariamente afeta a carreira e a saúde mental de dezenas de futebolistas, o combate à precariedade e falsos vínculos amadores ou a consagração de direitos mínimos no futebol feminino, que promovam a igualdade de condições e evitem retrocessos em relação ao que já foi conquistado.

Desejo, por isso, um excelente ano de 2026 a todos os jogadores e jogadoras, ciente do muito que há para fazer, mas com coragem para continuar a lutar."

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