Os nossos campeões do mundo


A vitória da Seleção Nacional de Sub-17 no Campeonato do Mundo do Qatar, o primeiro nesta categoria e o terceiro do nosso país nos escalões jovens, demonstra a excelência do trabalho que tem sido feito. Permitam-me um reparo, numa altura em que se valoriza muito pouco os praticantes, e ainda menos os futebolistas, nos projetos governativos.

O futebol continua a dar um exemplo de representação e dignificação do nosso país à escala internacional. Desde a Geração de Ouro, que venceu os Campeonatos do Mundo de 1989 e 1991, marcada pela revolução trazida pelo professor Carlos Queiroz e pela irreverência de um conjunto de jogadores que ajudaram a escrever páginas douradas do futebol português, vão décadas de diferença e uma clara evolução das condições de trabalho e profissionalismo com que se encaram os diferentes patamares até ao futebol sénior. Só assim é possível continuar a ganhar, acompanhando a evolução do futebol e estando na linha da frente do conhecimento e da preparação.

É importante reconhecer o trabalho de quem lidera o balneário, por conseguir agregar todo este potencial numa equipa vencedora. O mister Bino Maçães está de parabéns, não apenas por ter ganho, mas pela forma digna como o fez. Também a Federação Portuguesa de Futebol, hoje liderada por Pedro Proença, merece o reconhecimento pelas condições estruturais e investimento na capacitação de recursos humanos, permitindo-nos ombrear com qualquer equipa do mundo. Com um trabalho inestimável dos clubes na formação, temos tido a felicidade de identificar e apoiar estes jovens talentos, que apresentam uma maturidade muito acima da média. A chave do sucesso continua a estar nos jogadores e se há realidades que se modificaram drasticamente, também há desafios que continuam iguais.

Temos forçosamente de encontrar espaços de competição que permitam a estes jovens evoluir e ter uma oportunidade de afirmação no patamar sénior. É preciso incentivar os clubes a fazer esta aposta, de uma forma transversal, pois sabemos que muitos jogadores começam a perder o seu espaço a partir daqui. Temos o dever de garantir uma gestão adequada da carreira destes miúdos, assegurando o seu desenvolvimento integral, o que felizmente já está a acontecer com o conceito de carreiras duais bem interiorizado ao nível das Seleções. Contudo, esta é ainda uma realidade difícil de implementar em todos os clubes que se dedicam à formação de jovens atletas.

Para sermos verdadeiros campeões temos de honrar o esforço e dedicação deles e das suas famílias, gerir as expectativas e garantir-lhes o devido retorno por tudo aquilo que dão a Portugal. Por agora, venha a merecida festa dos campeões, com o meu agradecimento por este feito tão difícil de alcançar e orgulho em representar esta classe.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (30 de novembro de 2025)

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