Director Desportivo
Em Inglaterra, o futebol começou por ser praticado por amadores numa perspectiva meramente recreativa em que ganhar não era o mais importante, por vezes, nem sequer importante. A partir de 1880, começou a ser invadido pela classe trabalhadoras e a profissionalizar-se. Nos clubes, a direcção tratava das questões administrativas, financeiras, contratação de jogadores e decidia a equipa que havia de jogar no fim-de-semana. Mas, como os jogadores de futebol eram vistos como socialmente inferiores, a direcção do clube servia-se dum secretário administrativo (secretary manager) como intermediário nas relações com o balneário.
O secretário administrativo era uma espécie de gestor intermédio que tratava das questões logísticas do clube e da equipa sem intervir nem no treino nem nos jogos. O responsável técnico era o capitão de equipa que podia ser afastado por maus resultados.
Em Portugal, as coisas aconteciam mais ou menos da mesma maneira. No jornal "O Sport" de 22 de Janeiro de 1894 pode ler-se: "… o football modifica o jogador, pois que este, quando bem encaminhado em trainings sérios, tem que auxiliar os seus companheiros, restringindo-se para isso à táctica adoptada pelo seu capitão o que o obriga a excluir o egoísmo e a submeter-se a uma obediência natural."
Após a Primeira Grande Guerra (1914-1918), as direcções dos clubes começaram a deixar para o secretário administrativo o recrutamento e as relações com o público. Os secretários administrativos, até pela maneira como andavam vestidos de fato e chapéu de coco, identificavam-se muito mais como os administradores do que como treinadores. Quem trabalhava com a equipa durante a semana era o "trainer" que se dedicava fundamentalmente ao treino físico.
Depois, em princípios dos anos 30, os antigos jogadores de futebol começaram a aceder ao cargo de secretário administrativo. E Herbert Chapman que tinha sido um deles perguntou: "poderão os directores dos clubes continuar a gerir o poder sem terem de assumir as consequentes responsabilidades?" E respondeu: "hoje o futebol é um assunto demasiado importante para ser um passa tempo dos directores". Em consequência, o secretários administrativos começaram a intervir no treino e nos jogos, assumindo um novo estatuto, o de "football managers". Com Chapman os "managers" começam a vestir o "fato de treino" e a trabalhar directamente com a equipa no quadro da organização do clube.
Alex Ferguson, de certo modo, ainda representa o modelo de organização clubista desencadeado por Chapman.